segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Anos 70: Jovens Delmirenses

Dentro da perspectiva de resgate de textos postados nos antigos blogs, trago hoje um de maio de 2007.

Sua reedição é motivada por dois motivos: primeiro porque acho que seja uma belíssima fotografia onde se estampa o antigo costume dos jovens delmirenses dos finais dos anos 60 e início dos 70, marcarem ponto para seus tranqüilos bate papos e namoricos nas calçadas da cidade. E segundo por ser uma rara imagem onde aparece um primo com o qual tive pouco contato e que “partiu bastante jovem”.

Sábado, Maio 12, 2007

EU TANTO OUVIA FALAR EM TI. (Lembranças do Meu Primo Dedé Mafra)

De tudo já postamos por aqui. E sempre há motivos para boas risadas com as recordações do passado delmirense. Da lembrança dos nomes das pessoas. Das modas. Da gastronomia. Dos costumes e hábitos e dos fatos acontecidos numa cidade perdida nos confins do sertão alagoano e que carinhosamente apelidamos de Macondo (numa referência direta a cidade do realismo mágico do Gabriel Garcia Márquez)

De vez em quando há reencontros de pessoas que não tinham notícias de alguém há décadas e velhas relações de amizade e coleguismo são restabelecidas. E por vezes algum fato ou pessoa é lembrado e esta recordação toca de forma mais especial um dos leitores. Meu caso hoje.

E isto se dá pela excelente fotografia enviada pela Miriam Ramos. Nela entre as diversas pessoas que aparecem há o meu primo Dedé Mafra. Tive pouco contato com ele. Afinal em 1969 quando cheguei a DG, e tinha apenas sete anos de idade, ele já era um rapagão. Figura bastante popular (principalmente pelas garotas delmirenses) naqueles anos. Lembro-me que era um tanto alto e dos seus cabelos lisos.

Uma lembrança nítida que tenho é que um dia participamos de um almoço na casa de seu pai (meu tio Adonias) e o Dedé após a refeição nos levou para uma pequena sala ao lado e fez uma projeção de slides. Eu fiquei encantado com aquela maquininha que ele tinha. Afinal era um cinema particular.

Em junho de 1972, a cidade foi abalada com a notícia do súbito falecimento de dois jovens estudantes delmirenses num trágico acidente de automóvel em Recife. Eram o Dedé o Bezo(filho de George Lisboa). Neste acidente também faleceram mais dois primos do Bezo e que moravam em outra cidade. Não lembro qual.


Texto e foto cortesia de Miriam Ramos.Foto especial para eu e minhas irmãs: Marileide de Vevé com Dedé de S.Adonias.,Mercia e Marleide (minhas irmãs),não lembro o nome da próxima(era irmã de Valdinha, acho...),Socorrinho de Borela, Marilene de Vevé e Nininho irmão de Maria Luiza. Veja que foto linda!

Um ano após o desastre os restos mortais do Dedé foram transferidos para Delmiro Gouveia e colocados no mesmo túmulo do seu pai. (também falecido noutro desastre de automóvel em setembro de 1971).

Antes do sepultamento houve uma missa na igreja velha da Vila Operária. Esta missa deixou a igreja lotada pelos tantos amigos do Dedé. E foi bastante comovente e um tanto diferente para a época. Pois foi quase que inteiramente acompanhada ao som de violões e música jovem. E boa parte dos presentes foi às lágrimas quando cantada a música que então era um sucesso.

Oração de Um Jovem Triste
Antônio Marcos
Composição: Alberto Luiz

Eu tanto ouvia falar em ti
Por isso hoje estou aqui
Eu sempre tive tudo que eu quis
Mas te confesso não sou feliz
Calça apertada de cinturão
Toco guitarra faço canção
Mas quando eu tento me procurar
Eu não consigo me encontrar
Escondo o rosto com as mãos
E uma tristeza imensa me invade o coração
Já, já não sou capaz de amar
E a felicidade cansei de procurar ...ah ...ah
Por isso venho buscar em ti
O que não tenho o que perdi
Vestido em ouro te imaginei
E tão humilde te encontrei
Cabelos longos iguais aos meus
Tú és o cristo, filho de deus
Tanta ternura em teu olhar
Tua presença me faz chorar
Eu ergo os olhos para o céu
E a luz do teu amor me deixa tão feliz
Se, se jamais acreditei
Perdoa-me senhor pois hoje te encontrei ...ei ...ei

Grato mais uma vez a Miriam por nos trazer esta bela imagem da juventude delmirense do final dos anos 60 e início dos 70 e que aqui aparecem sentados displicentemente na famosa calçada da casa de esquina do Luiz Xavier. Eu particularmente não lembrava mais da fisionomia do meu primo, que tão jovem desapareceu e que iria prestar vestibular naquele ano.

Agora é com vocês. Lembra de todo este pessoal aí? Então registra suas lembranças por aqui.

9 comentários:

Anônimo disse...

Bela homenagem. Não conhecia essa história trágica dos acidentes. David

Paurílio disse...

César, é uma pena Miriam Ramos ter desaparecido do nosso blog. Ela sempre nos trazia excelentes colaborações tanto em fotos antigas como em comentários. Uma mente privilegiada, sempre oferecendo informações valiosas da Delmiro de antigamente. Nessa foto apenas afirmo que conheço a família de Socorrinho de Borela. Na minha infância fiz amizade com os irmãos dela, Rubinho e Zé Gonçalo. Lembro-me do pai dela, seu Cícero. Uma tia de Socorrinho, dona Soledade que reside aqui no Recife, é minha madrinha.

DANUBIO DE OLIVEIRA disse...

Os meninos e meninas desta foto, devem hoje estar beirando os 50 anos. Uns já até ultrapassaram a barreira do meio-século e devem como eu, olhar para trás, fechando os olhos e relembrando com tantas boas lembranças, aquelas tardes de domingo. Para quem se imaginava a frente de seu tempo usando uma calça apertada boca-sino, um sapato cavalo-de-aço e cabelos ao vento, sequer poderia imaginar o que diriam nossos pais se vissem os garotos de hoje com os piercings,tatoos e a maneira como se encara o Sexo, Drogs and Rock in Roll nos dias de hoje. Éramos inocentes, descompromissados e nosso mundo não tinha tantas fronteiras embandeiradas separando nossos quintais. Será que naquele tempo algum de nós poderia, por mais visionário que tentasse ser, vislumbrar a WEB, as facilidades da Medicina com a evolução da Radiologia, Quimioterapia enfim de diagnósticos preventivos? O meu "Saldo para o futuro" foi planejar minha mudança p/ Maceió. Um mundo novo se abriu e passei a ver com outros olhos o horizonte que se mostrava. Lembro que uma das primeiras impressões que tive chegando em Maceió, era de que tudo aqui era -e continua- caro ( no sentido pecuniário da coisa)Nao pensem que esse horizonte foi um deslumbre de felicidades. Passei a trabalhar e estudar nessa dobradinha as vezes penosa e a conclusão que cheguei é que eu era feliz e não sabia

Anônimo disse...

Paurilio pois é. Ela é um bocado mais de gente faz falta por aqui. Mas o blog é cíclico: tem fases com mais visitas outras fases com menos...

êita que bateu forte a veia saudosista do Danubio. Boas lembranças.

César

Unknown disse...

Diante de tão bela homenagem, reporto-me a outro trágico acidente, ocorrido com mais um dos membros da família Mafra e que também enlutou toda Delmiro Gouveia, tanto pela pouca idade (16 anos), quanto pela admiração exercida pelo grande amigo, uma vez que além do fator acima mencionado, uma das suas principais características era a mesma que você atribuiu ao seu, e também dele, primo Dedé (o cara era mais que popular e um sucesso sem precedentes entre as garotas). Refiro-me ao Pablo, filho de Adeilton Mafra e que nos deixou há pouco mais de 12 anos, abrindo uma imensa lacuna nas vidas dos que com ele conviveram e compartilharam de tamanha felicidade. Pablo, assim como o meu primo Gustavo (filho de César Pregão), vieram ao mundo como anjos em forma humana, com breve e marcante passagem, designados por Deus para fazer parte das nossas vidas e marcá-las para sempre pela sua inesquecível presença, apesar de tão breve. Emociono-me, até hoje, com esta grande perda e sei que, além de mim, todos os seus amigos foram e são iluminados por ele e por Deus. Parabéns pelo admirável blog e por manter tão singelas lembranças tão acesas. Lúcio André (bola) – sobrinho do Edson Borracha, da Lalide e primo do Danúbio Oliveira.

César Tavares disse...

Caro André(o famoso Bola com quem troquei rápidas palavras em dez/2004 e leitor ainda da primeira página em hpg), não conheci pessoalmente o meu primo em segundo grau Pablo. Estive em DG em outubro de 97, com pouco mais de um mês após seu falecimento. Mas pude sentir o quanto ele foi amado por seus parentes e amigos, pois todos falavam sobre ele.

Tb não sabia até então sobre a perda do meu xará. Lamento.

Grato ao André pelos seus comentários.

Unknown disse...

Olá pessoal, tudo bem? eternas lembranças da juventude DELMIRENSE de 1998 ' meu Deus quantas lembranças'eu aqui em NEW YORK lembrando às nossas aventuras.

César Tavares disse...

Grato pela visita. Pena que não registrou o nome. Abs

Anônimo disse...

Adorei o registro de nossa foto, era uma tarde em frente a casa dos Vilares,sentavamos para jogar conversas foras, bons tempos, vc esqueceu meu nome, sou Lenininha irmã de Valdinha.