JOSÉ PEDRÃO: O menino
curioso e persistente
Nascido no município de Delmiro Gouveia,em 1932, e filho de
José Pedrão de Oliveira e Olívia
Oliveira, recebeu o nome de José Oliveira, embora tenha se tornado conhecido
por todos pelo nome do pai: "Zé Pedrão".
Seu pai, foi operário
da Fábrica de Tecidos e a mãe era
doméstica.
Zé Pedrão foi o 4° dos 12 filhos da grande família.
Estudou apenas
até o 2° Ano Primário.
Uma de suas características mais marcantes, era a
curiosidade. Na adolescência, costumava pular o muro da Fábrica de Tecidos,
para observar o trabalho executado na Secção Elétrica. Lá encontrou pessoas que
o ensinaram a fazer ligação elétrica simples. Uma noite, nessa mesma época,seus
pais e irmãos foram surpreendidos com todo o quintal iluminado com diversas
luzes brancas.
Da prematura
paixão pela eletricidade ao
emprego na Companhia Agro Fabril Mercantil, sob a direção do Sr. Vicente de Menezes, como Servente de
Eletricista, aos 14 anos.
Um ano após tornar-se
operário, foi preparado para exercer a função de operador da antiga máquina de
projeção de filmes do 1° Cinema do
Município de Delmiro Gouveia: O Cine-Pedra. Aí começou a sua paixão pela Sétima
Arte.
Casou-se em 1951, com
a também operária, a bela tecelã Iraci Queiroz Oliveira e com ela constituiu
uma família com 6 filhos.
No ano de 1962, com o reconhecimento e compromisso por seu
trabalho, passou a ser Encarregado da Secção
Elétrica da Fábrica de Tecidos, já sob a direção do Sr. Antônio Carlos
de Menezes.
Apesar de ter pouco
estudo, a ele foi proporcionada pela Fábrica, a
participação em um Curso
Profissionalizante à distância, ofertado
por uma instituição de Los Angels/Califórnia. O proprietário da Fábrica pagou
um intérprete, para traduzir todo o material a ser estudado. O jovem Zé Pedrão
foi premiado com medalha de ouro, pelo
1° lugar em desempenho no curso.
Ao mesmo tempo em que era operário, passou a exercer outra
função a ele confiada: A Administração do
do Cine- Pedra.
Além de administrador continuou a ser operador dos filmes.
A primeira máquina de projeção de filmes incendioi por
razões desconhecidas e o cinema foi reaberto com a chegada de caixotes advindos
da Holanda, trazidos pela trem Greatwesternig, contendo as peças da moderna
máquina cinematográfica de marca Philips.
Foi montada por um técnico italiano, Sr Facelle,o mesmo que
ensinou a Zé Pedrão a operá-la.
No início da década de 60, ocorreu a modernização do cinema
, a partir da projeção em cinemascope, onde as imagens eram expostas em tamanho
maior, em tela padrão de 15,24 metros. Para tal inovação veio para o
Cine-Pedra, a lente anamórfica, própria para esse novo tipo de exibição.
Para coroar cada exibição em nova tela que permitiria uma
imagem de qualidade ao expectador, foi confeccionada uma longa cortina cor de
vinho, que era aberta a cada início de exibição.
Zé Pedrão era leitor assíduo de jornais semanais e revistas,
juntamente à sua companheira, era atualizado e conhecedor dos fatos
relacionados ao país e mundo.
Para o Cine-Pedra, eram trazidas películas cinematográficas
da melhor qualidade, garantindo aos expectadores Delmirenses e das cidades circunvizinhas , a
cultura da sétima arte.
Em viagem mensal à capital pernambucana, o Casal Pedrão
contratava e fazia a programação de
filmes premiados e atuais, nas renomadas companhias de cinema ( Fox, Paramount,
Universal, Metro, Paris Films, United Artists, Disney, Columbia Pictures,
Warner Bros, entre outras). Sempre proporcionando ao seu público fiel, uma
diversidade de estilos de filmes: religiosos, cowboys, dramas, suspense,
guerra e documentários.
Os filmes eram enviados do Recife à Paulo Afonso- Bahia, de
onde o Sr. Zé Pedrão, ia buscá- los e trazia-os em tambores de alumínio, para
em seguida revisá-los e expô-los para o
público.
O Cine- Pedra foi
palco não somente de exibição do que
havia de mais atual na cultura cinematográfica, mas tambem palco de programas
de auditório, festivais da canção, apresentação
de cantores famosos e artistas circenses de renome no país, bem como foi palco de divulgação de campanhas
de saúde do município. O papel sócio-
cultural do Cine-Pedra é inegável e isso deu-se pelo fato de que o Sr.
Zé Pedrão recebia a todos aqueles que a
ele representavam arte. Em meio à sua
simplicidade e humildade, promoveu de forma singular e , talvez despercebida, o
acesso à cultura no verdadeiro sentido e
grandeza da palavra.
Entre operador e administrador do Cine-Pedra , dedicou mais
que 40 anos de sua existência.
Durante essa trajetória, 4 filhos foram colaboradores da
Fábrica de Tecidos (1 no escritório, 2 na Escolinha e 1 no laboratório). Formou
seus filhos, com o suor de seu nobre trabalho, sendo o 1° operário a ter uma
filha médica e um neto médico.
Aposentou-se no final da década de 80 e foi convidado a
prestar serviço na mesma função que
exerceu no trabalho que era sua vida. Seu amor à Fábrica transcedeu o tempo e eternizou-
se, até ser acometido
pela Doença de Alzheimer. Encerrou sua
missão e partiu para o plano espiritual, no ano de 2017.
Inesquecível, porém , pelo ser humano inteligente, e
caridoso. bem como pelo profissional competente e líder singular, que foi.
No município de Delmiro Gouveia, falar em cinema é reportar-se à figura inesquecível do Sr. Zé Pedrão!