domingo, 30 de novembro de 2008

Uma certa tamarineira em Delmiro Gouveia.





O Eduardo Menezes trouxe um pouco da história da Praça da Tamarineira, aproveitei e resolvi fazer uma dupla postagem. Para isto resgatei um post do blog anterior enviado pelo Paulo da Cruz em setembro/2007 e que rendeu uns tantos comentários na época.


PRAÇA DA TAMARINEIRA
Texto de Eduardo

A praça foi construída pelo prefeito José Serpa de Menezes, em seu segundo mandato que durou de 1983 a 1988, porém a árvore tamarineira, que resiste até hoje, foi plantada em 1942 pelo pedreiro José Manuel da Silva que trabalhou na construção da Vila Operária, pai de Guilherme, também pedreiro, que hoje mora no Bairro Novo. Na época em que foi plantada a tamarineira o local era conhecido como Rua da Palha, devido à existência de várias casas feitas de palha de coqueiro. Houve duas reformas na praça, a primeira durante o segundo mandato do prefeito José Serpa de Menezes (1983 a 1988) e a segunda no mandato de Luiz Carlos costa (que teve início em 1997).

Fotos tiradas pouco tempo antes da reforma feita por Luiz Carlos Costa (segunda e terceira fotos)



Sábado, Setembro 29, 2007
RECANTOS DELMIRENSES: PRAÇA DA TAMARINEIRA.

Texto de Paulo da Cruz.

Praça da Tamarineira O nome oficial é Praça Inocêncio Exalto. Deveria ser Praça Prof. Maria Pinto. Nada contra o homenageado, só que essa homenagem poderia ser em outro local. Dona Maria Pinto viveu ali e alfabetizou dezenas ou centenas de crianças. Para quem dá valor a educação, como eu, isso é de extrema importância. Independente do nome, para o povo a praça continua sendo da Tamarineira. Afinal de contas ela está, incólume, resistindo as intempéries, maltratos e outras coisas mais. Claro que não continua como era no meu tempo de infância, mas, está lá, impávida e principalmente produzindo aqueles tamarindos que fizeram e ainda fazem a alegria de muita gente. Agora mesmo, mês de setembro, está carregada de tamarindos, aguardando que a criançada ou os marmanjos façam a devida colheita. Até quando ela vai estar lá não sei, mas com certeza se algum dia ocorrer o seu desaparecimento será um atentado a memória de tantos que seja lá onde estiverem lembram dos bons momentos que passaram colhendo os seus frutos. Para refrescar a mémoria aí vai uma foto recente de fiz da velha tamarineira.(primeira foto).

Agora é com vocês. E creio que o Abrahão poderia repetir por aqui seus comentários feitos no blog passado. Afinal ele conhece bem este recanto da nossa Macondo Sertaneja.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Delmiro em Fatos e Fotos.







E intercalando entre posts antigos e as novidades trazidas por estes dias pelo Eduardo, eis que hoje é a vez do Marcos Lima trazer sua colaboração.
Particularmente acho super interessante isto. O blog vem definhando e de repente aparece alguém dando uma força. E cada um oferece uma safra de novidades. E assim a roda vai girando. Vamos ao seu email do nosso colaborador que aproveita e nos faz um convite para prestigiar o seu blog onde fala também sobre outra cidade alagoana e terra de meus avôs maternos e do bom e velho Graciliano Ramos “um monstro sagrado da literatura nacional: Palmeira dos Índios

César Tavares,

Veja como o mundo é pequeno, tava na feira de Delmiro no sábado próximo passado, quando passou por mim um cara tirando fotos da mesma, pensei cá comigo, deve ser para o blog AMIGOS DE DELMIRO GOUVEIA, inicialmente pensei tratar-se de você, depois vi que não era parecido, aí vi essa postagem sobre o mercado público, então acho que era o Eduardo Menezes, confere?
Aproveito para enviar mais cinco fotos:
Atual mercado público(qualquer carne da picanha ao cupim a R$10,00, melhor que Maceió a R$16,00)
Grade do muro da fábrica(ach que ficou muito mais humanizada e bonita),
Local em que ficava o antigo trailher com posto fiscal antido de Maria Bode
Nossa Macondo vista do alto da serra de Água Branca.
E placas indicativas para outras cidades.

Convido os AMIGOS DE DELMIRO GOUVEIA a dar uma olhada no blog: www.tilixi.blogspot.com , onde posto coisas da minha terra Palmeira dos Índios e arredores.
Forte Abraço

Marcos Lima
“Nada pode me fazer mal, a não ser que eu permita”
Agora é com vocês.

domingo, 23 de novembro de 2008

Delmiro Gouveia: Mercado Público e suas modificações ao longo do tempo.

Antigo Mercado Público: esta foto foi tirada depois que o mercado foi vendido, está praticamente original, com exceção das portas centrais que eram mais estreitas. Apenas as portas do meio eram largas. E da pintura que o Lourenço Marques mandou fazer na parte que foi adquirida por ele.
Antigo Mercado Público e como ficou após a primeira grande reforma

Antigo Mercado Público e como está hoje.


Local da atual feira livre e do novo Mercado Ulisses de Souza Bandeira.


O blog por estes dias está bastante movimentado em termos de material graças ao empenho do Eduardo. E começa com um resgate histórico e uma verdadeira linha do tempo em relação ao antigo Mercado Público. Vamos ao que interessa:


Texto na íntegra de Eduardo Menezes:

Em 1954, Alfredízio Gomes de Menezes, primeiro prefeito de Delmiro Gouveia, recebeu uma verba no valor de 74 mil cruzeiros e não sabia o que fazer com o dinheiro. Antonio Carlos Azevedo de Menezes, proprietário da Cia Agro Fabril Mercantil, atual Fábrica da Pedra, qual Aldredízio tinha sido contador, sugeriu que ele construísse um mercado público e que doaria o terreno. O mercado funcionou até 22 de setembro de 1992, quando foi inaugurado o Mercado Ulisses de Souza Bandeira, no bairro Eldorado, pelo prefeito José Bandeira de Medeiros. Com a saída do Mercado Público do centro da cidade foi também a feira livre, os comerciantes foram contra a saída da feira, pois achavam que ia diminuir a venda devido ao sumiço dos clientes nos dias de feira. Com a desativação do antigo mercado o prefeito vendeu o prédio.


Eduardo Menezes
(onde houver fé que eu leve a dúvida)


E aí o Eduardo fez um excelente trabalho de pesquisa. Agora é com vocês.

Quais suas lembranças deste lugar?

Será que você consegue identificar que ponto comercial havia nas portinholas? O que era vendido por lá? Seus principais comerciantes? Algum fato interessante ou engraçado que tenha acontecido em seu interior ou adjacências. Então conta por aqui e faça o seu resgate da história urbana delmirense.

Eu ainda trago na memória a visão da enorme nuvem de “poeira de farinha de mandioca” que predominava na área interna do mercado quando eu ia com minha mãe ou meu avô fazer compras.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Delmiro Gouveia: Quando um OVNI cruzou os céus da Macondo Sertaneja



Montagem :OVNI Sobre Trinidade Y Tobago

Publicado original em 06 de julho de 2005. Este texto posteriormente foi visto na net por especialistas no assunto e foi solicitada autorização ao autor para publicação no site: Centro de Ufologia Brasileiro. No seguinte endereço http://www.cubbrasil.net/

O texto abaixo é um email (na íntegra) que recebi do Eraldo Vilar (Geólogo da Petrobrás). Ele havia feito um breve comentário num post anterior sobre outro tema. Mas achei o fato tão interessante que solicitei maior detalhamento. O Eraldo se queixa da memória. No entanto o relato está ricamente narrado.Preciso. Com observações de um estudioso no assunto. Eu achei tudo muito fascinante. E certamente está dentro do espírito do blog. O resgate de coisas acontecidas na nossa Macondo sertaneja: Delmiro Gouveia.


EIS O EMAIL DO ERALDO VILAR.
Caro César:
Ok, tentarei descrever o fato com mais detalhes, conforme pediu.

Antes disso, quero dizer que leio, sempre que posso, seu blog, que é uma gostosa forma de voltar aquela terrinha, cujas paisagens e povo, certamente são responsáveis por parte do que hoje somos.

Parabéns, vc escreve muito bem, de forma agradável.

Não desista, temos sido meio preguiçosos (eu e Bráulio, meu amigo e companheiro de profissão e empresa). Tentaremos mandar mais "causos" que venhamos a relembrar.

Quanto ao OVNI: .Eu era adolescente (nasci em 54) e ainda brincava de estilingue, por isso suponho que tinha entre 10 e 13 anos, o que situaria o evento entre 1964 e 1967, com maior probabilidade em 1964, por minhas lembranças. Quando a gente chega aos 50 anos, as lembranças começam a se embaralhar..rs

Meu sonho de criança era ser aviador e sempre gostei muito de ler. Era fascinado pela história da segunda guerra mundial, despertado que fui por uma coleção (acho que da Time) luxuosa do Sr. Eliseu Gomes, pai do Lêlêu, (se não me engano, promotor aposentado) que morava perto do Inss, na praça central.

Era eu amigo do Lêlêu e por meio dele tive acesso aos livros, os quais, detalhavam a batalha da Inglaterra, onde Spitifires e Messerschidmts se digladiaram. Fiquei fascinado.A partir dali, adquiri o hábito de ler sobre aviação, o qual mantenho até hoje, lendo Flap, Força Aérea, etc.

Por adquirir este gosto, passei a ler tudo sobre aviação que me caía nas mãos, tendo chegado até conseguido catálogos de identificação aérea por meio de silhuetas (catálogos onde se vê aviões de guerra e comerciais de frente, lado, frente, trás, cima, por baixo, etc.), de forma que me tornei muito capaz de identificar quase todos os tipos de aviões no céu ( o da fábrica de Delmiro , por exemplo, era um Bonanza, de cauda em "V") , balões juninos, balões metereológicos,helicópteros, etc.

Sempre que ia de férias a Salvador, ia ao aeroporto 2 de Julho, onde pude ver uma gama de aviões que não voavam em Delmiro.

Cito estas coisas para firmar o seguinte: apesar de minha pouca idade, na época, talvez eu fosse a única pessoa capaz de identificar qualquer objeto aéreo que voasse nos céus de Delmiro.

Por isto, nunca tive dúvidas: aquilo que eu (e centenas de pessoas) vimos em Delmiro, naquela noite, não era avião, balão, helicóptero, etc...portanto era um Objeto Voador Não identificado. Se era de outro planeta..não sei..mas, seguramente não era um objeto voador conhecido.

Era início da noite, seguramente entre 18 e 19 hs, pois meu pai sempre jantava nesta hora e sempre jantávamos juntos. Estávamos eu, meus pais e meus irmãos Gildete e Betinho. Lembro-me bem que começamos a ouvir uma gritaria na rua do ABC, onde morávamos (minha irmã Gildete ainda mora na casa, meu pai morreu em 1981 e minha mãe em 2004. Meu irmão Betinho mora em outra casa, por trás dos correios).

A gritaria aumentou muito e despertou nossa curiosidade. Saímos todos à rua e nos deparamos com muitos vizinhos e transeuntes olhando o céu, e falando alto, excitados.

Olhei e vi aquele objeto enorme (dimensões que creio estavam entre 30-50 m, sendo difícil precisar, mas como eu costumava observar o avião da fábrica quando vinha Recife e passava baixo, creio que o OVNI tinha 3 -5 vezes o tamanho do mesmo.

O OVNI estava neste momento uns 150-200 m de altura sobre a casa que hoje mora Maria José Moreira, minha ex-professora de desenho no GVM. Tenho a noção desta altura também por analogia com o comportamento do avião da fábrica, cujo famoso piloto (Nestor) , costumava dar rasantes sobre a rua do comércio, para chamar a atenção do táxi que ia buscar os passageiros no pequeno aeródromo da fábrica.
Deslocava-se lentamente (estimo 5-10 km/h) sem emitir o menor som!.

Vinha do sul para o norte (situando-se em Delmiro uma trajetória do cemitério novo e a igreja da fábrica, ou seja, cruzando 90 graus a rua do comércio), seguindo em direção à Agua Branca.

Passou diretamente sobre minha cabeça, quando pude ver sua forma perfeitamente circular.

A noite estava estrelada, sem nuvens baixas.

Lembro disso porque aquele objeto me propiciou uma visão linda e fantástica. Meu coração queria sair pela boca, pois já tinha lido muito sobre os avistamentos de Ovnis (que começaram a ser relatados em 1954, por Kenneth Cooper, piloto civil que teve um encontro com um OVNI nos céus de um estado americano, se não me falha a memória. E ali estava um OVNI!!..pode imaginar a emoção de meu coração de menino?

Pude notar que a face inferior do objeto, era composta por partes trapezoidais (as bases menores se juntando no centro, formando uma polígono).

A princípio até pensei em balão, mas o gigantismo do objeto depunha contra esta hipótese. Além disso, vi inúmeros balões em minha adolescência, e balões tem um luz bruxuleante típica, causada pela mecha de fogo que aquece o ar e assim o mantém no ar. Neste objeto, percebia nitidamente que a luz interna que iluminava cada trapézio era firme, "fria" (à semelhança da emitida por lâmpadas fluorescentes). Era luz colorida, lembro-me de pelo menos duas cores:vermelha e azul pálidos.

Um outro detalhe ajudou a me certificar de não ser um balão: o vôo era reto, muito linear mesmo e em direção transversa ao vento fraco (mas presente) que soprava naquela noite, fato que lembro bem.
Os trapézios eram circunscritos por uma borda opaca, que dava a forma circular, de matéria opaca, que constituía a borda do OVNI. Esta parte opaca tinha aspecto talvez metálico, enquanto que os trapézios deixavam passar a luz, como se fossem janelas de piso, de observação.

Não se destingiam formas dentro do OVNI, apenas a luminosidade interna, fria e difusa.

Como eu disse, corri para minha casa, peguei meu estilingue e minhas pedrinhas de barro redondas e me juntei aos demais meninos, correndo pela travessa do bar do Zé Toquinho (une a rua do ABC à rua do Comércio) e quando cheguei a esta rua, fiquei embaixo do disco e comecei a atirar nele com o estilingue...rs. Nunca ouvi som, nem modificação no objeto. Nem sei se acertei...era uma excitação que vc pode imaginar..rs
Acompanhei o OVNI, junto com muitos meninos (infelizmente, na minha excitação, não lembro de quem eram, poderiam dar outros depoimentos) até a Igreja da Fábrica, quando parei ( a esta altura, com certo medo) e o vi afastar-se lentamente em direção ao bairro do Bom Sossego e Água Branca.

Engraçado como reagimos a algo que não podemos explicar!..Após todo o alvoroço, voltamos todos para casa , após milhões de comentários excitados, claro...e fomos viver nossas vidinhas...aos poucos, isto se perdeu na poeira do tempo, quase sem registro.

Digo quase, porque nos depois, em 79, no Rio de Janeiro, conversando com um primo meu (Wilson Torres) citei o fato. Para minha surpresa, ele arregalou os olhos e me disse; " Eraldo...fantástico!..eu vi!..estava vindo de carro pela rodovia Garanhuns-Paulo Afonso, indo para Água Branca, onde morava, com amigos, quando vi aquele objeto vindo da direção de Delmiro Gouveia e cruzou sobre nós , seguindo sobre a serra de Água Branca!...

Anos depois, conversando com Bráulio, aqui em Aracaju, contei a história, Para minha surpresa, Bráulio me disse que ouviu história semelhante da sua mãe! ( infelizmente hoje falecida!).

Tenho certeza que muitas pessoas daquela época, e que estavam em Delmiro naquela hora, viram o fenômeno. Porém, estas coisas vão sendo sepultadas pelo tempo e perda de memória e desacreditadas pelo espírito cético que tendemos a ter.

Pois é, caro César...fique a vontade para usar o relato no seu blog. Tomara que alguém mais da época se manifeste. Quando eu for a Delmiro vou saber de meus irmãos se ainda lembram, e te passo um e-mail depois, ok?

Saudações,
Eraldo

E aí leitor você sabia desta aventura ufológica acontecida em DG? O fato foi testemunhado e relembrado por diversas pessoas. Dê a sua opinião. Acrescente mais detalhes a tão inusitado acontecimento. Enfim envie a sua história também.

Figuras Delmirenses: Ronaldo Macarrão, o metamorfose ambulante







Texto originalmente postado em 14 de outubro de 2004.

Nunca soube o seu nome completo real ou ao menos algum sobrenome. Todos o chamavam de Ronaldo Macarrão, o apelido certamente inspirado pela sua esqualidez. Também nunca soube do que vivia ou sobrevivia em Delmiro Gouveia naquela época.

Era um tipo meio diferente para os padrões de uma cidade até então pequena e acanhada. Aquela figura alta, magra, cabelos longos desgrenhados, e eternamente vestido com jeans surrados, às vezes com uma jaqueta. Lembrava um pouco um hippie. Apesar de que o movimento rebelde dos anos 60 há muito declinara. Enfim ele não era alguém que passasse despercebido.

E como ser despercebido sendo diferente numa cidade pequena? Era algo um tanto difícil.
Quando chegavam os finais de semana, ele era a grande atração dos Programas de Calouros, que geralmente aconteciam no Antigo Cine Pedra. A voz do animador anunciava em tom de suspense a sua entrada: Agora com vocêsssssssssss Ronyyyyyyyyyy Seixassssssssss.

E então ele adentrava ao palco imitando o seu ídolo Raul Seixas. A voz não lembrava muito o Raulzito. Mas à imitação dos gestos, trejeitos e postura de palco lembrava.

Ele então se transformava num astro. E nós aquela meninada dos anos 70 de DG, aplaudíamos o nosso ídolo e gritávamos o seu nome. Tudo isto era acompanhado pelos acordes dissonantes do Conjunto do Reginaldo. Não lembro mais o nome do conjunto. Mas sei que sempre mudava de nome.

Tudo bem que era tudo uma grande gozação. Mas o Rony Seixas se empolgava. E naquele momento ele era uma verdadeira Metamorfose Ambulante. E entre outras coisas cantava: Gitã, Medo da Chuva e Quem não tem colírio usa óculos escuros e Eu Nasci Há dez mil anos atrás.
Talvez algumas pessoas mais conservadoras façam algum tipo de censura ou encare com ares de reprovação esta homenagem ao Ronaldo Macarrão.

Poderão até dizer: mas este cara bebe demais e outras coisas. Mas quero deixar o meu registro sobre alguém que até hoje povoa minhas lembranças delmirenses. Um sujeito pacato, de voz suave, contestador e tranqüilo. Sempre o achei gente boa. E o olhava com olhos de admiração. Porque ser contestador naqueles anos de chumbo não era coisa para qualquer um. Afinal vivíamos numa ditadura e num ambiente social ainda eivado de preconceitos.

Não lembro de nenhum gesto com conotação política que ele tenha feito, naqueles tempos. Mas era ao meu ver um rebelde sem causa. E nos divertia com as suas loucuras.

A maior delas foi entrar num sarau do Clube Vicente de Menezes dentro de um caixão de defunto. A armação toda feita pelo Gilmar Cabeção. Foi algo marcante. Luzes apagadas, velas acesas e quatro sisudos carregadores entrando no salão. Um clima de suspense pairava no ar. O caixão é aberto. E levanta-se vagarosamente vestido numa mortalha o Ronaldo. Gritos histéricos por todo o salão. Foi uma farra.

Em junho de 2002 ao visitar a cidade após cinco anos de ausência. O encontrei ainda logo cedo sentado na escadaria do antigo Bar do Lula Braga. E fiz questão de ir apertar a sua mão e de apresenta-lo ao meu filho.

Eis aqui o famoso Ronaldo Macarrão ou Rony Seixas. Um artista delmirense. E ele com uma voz enrolada para àquela hora da manhã, agradeceu a deferência.

Hoje provando que é um verdadeiro mito vivo. E que realmente nasceu há dez mil anos atrás e não tenha nada que ele não saiba demais, freqüentemente é convidado a participar de eventos das novas tribos delmirenses.

As fotos mais recentes do nosso ídolo foram tiradas agora em setembro/2004, num evento ligados a esportes radicais urbanos(Skate e coisas afins) promovido pelo Eduardo Menezes.

Agora é com vocês.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Limites Geográficos da Macondo Sertaneja: Ainda Maria Bode





Dando continuidade ao tema Maria Bode, hoje o nosso colaborador Eduardo nos traz, além de uma belissíma fotografia, dois croquis explicativos. A foto me traz a lembrança do famoso filme Badgá Café, que trata de um local de mesmo nome, misto de motel, lanchonete e posto de gasolina, numa estrada localizada no meio do deserto de Mojave, entre Las Vegas e a Disneylândia. É lá que vai parar a alemã Jasmin Munchgstettner, depois de ser largada sozinha na estrada, pelo marido, após uma séria discussão entre eles. Para quem já viu o filme, fica a comparação. Para quem não viu, fica a recomendação. E agora, vamos ao que interessa, o texto do Eduardo, cerne deste post:

Texto na íntegra de Eduardo Menezes

Maria Bode sempre teve uma ligação forte com Delmiro Gouveia, foi por muito tempo um ponto de apoio para as pessoas que viajavam para outros estados era lá que eu, entre muitos, esperava o ônibus da “Preogresso” quando estudava no Recife. Para tirar alguma dúvida sobre a que município a localidade pertence tô mandando um mapa com os limites municipais de Delmiro Gouveia, que fiz com base no mapa do IBGE, onde mostra o encontro dos municípios de Pariconha e Água Branca na localidade, estou mandando, também, uma planta de Maria Bode mostrando mais detalhes, inclusive onde ficava o antigo Posto Fiscal que o Lima trabalhava com Delmiro Luna, filho do ilustre Dr. Ulisses Luna. o IBGE não tem a planta de Maria Bode, porque não é povoado, então fiz tipo um rascunho só pra ter uma idéia do lugar.Aproveitando esses "mandamentos" segue também uma foto de 1983 do posto de gasolina de Maria Bode.

Agora é com vocês.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Igrejas Delmirenses e Monsenhor Fernando.

Igreja da Vila: Vista Noturna.
Detalhe da nova matriz num dia com arco-íris.

Padre Fernando e o meu tio então Padre Didi.


Aproveitando duas belas imagens recentes das igrejas delmirenses (cedidas por Heitor, Jane e Felipe, meus amigos no orkut). Vamos mesclar então com o resgate adaptado de um post de 27 de dezembro de 2005, publicado no blog anterior, cujo tema era o Monsenhor Fernando. Ele foi o grande responsável pela construção da nova matriz que levou longos anos para ser erigida. E enquanto isto ele celebrava suas missas na antiga igreja da vila.


UMA FIGURA HISTÓRICA DELMIRENSE: MONSENHOR FERNANDO.

... Alguns anos depois, fora convidado para capelão da igreja o jovem padre Fernando Soares Vieira, que fundou a festa de Nossa Senhora do Rosário na igrejinha da vila, aonde celebrava as novenas e missas de encerramento. O trecho de texto acima foi retirado do site da prefeitura.

O post é curtinho. Atendendo uma sugestão da Sandra de Eurico, para lembrarmos de uma figura importante da história delmirense. Falamos do famoso Monsenhor Fernando. Creio que ele batizou, fez a primeira eucaristia, casou e por fim deu a extrema-unção(hoje benção dos enfermos) a quase todas as famílias católicas de DG. Há uma placa na igreja indicando a data de seu nascimento e falecimento. Acho que ele foi sepultado na própria igreja que tanto se empenhou em construir. A foto do pequeno acervo familiar e que ilustra este post é de 9 julho de 1961. Portanto uma raridade, afinal tem 47 anos. O Padre Fernando (senhor calvo à direita) era o paraninfo de ordenação da primeira missa rezada pelo seu amigo e então Padre Heliomar(Didi), meu tio, e que poucos anos depois deixou o hábito e resolveu constituir família.

Com a palavra os leitores. O que você tem de interessante para contar sobre ele? Quais as suas lembranças? Ainda está no fundo da gaveta aquela sua foto clássica, com carinha angelical, vestindo uma camisa branca de mangas compridas e gravatinha azul e segurando na mão direita uma vela?Ou as meninas com suas saias plissadas e blusinhas brancas de mangas bufantes. Manda para cá.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Maria Bode o que há num nome?







Abrindo hoje com email enviado pelo Marcos Lima.


César Tavares,

Gosto muito da cidade de Delmiro Gouveia e me identifiquei de imediato com seu blog, tenho recordações e lembranças dos tempos passados nela, possuo inclusive algumas fotos desse tempo e como também do presente delmirense, a nossa MACONDO SERTANEJA (de onde tirasse isso?, talvez do livro cem anos de solidão do Gabriel Garcia Márquez?)No momento envio três fotos atuais e uma curiosidade a respeito de duas delas (o que é isso nos fios dos postes da MACONDO SERTANEJA) existem por toda a cidade, a outra foto é da saída para Água Branca via Maria Bode, onde trabalhei durante 2 anos no antigo posto fiscal que existia por lá.

Abraços
Marcos Lima
"Nada pode me fazer mal, a não ser que eu permita"
Grato ao Marcos pelo material enviado. Sim a analogia com Macondo foi retirada do livro referenciado. Afinal, a meu ver, tudo em Delmiro Gouveia naqueles tempos(e talvez atualmente) é puro realismo fantástico.

E agora pergunto: Qual a origem do topônimo Maria Bode? E quem é que conseguirá dar uma explicação razoável para as crequinhas grudadas nos fios?

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Abrigos Delmirenses: Ciço Gobeu

Abrigo de Ciço Gobeu 1973: Ricardo Menezes e Nechico ao balcão.
Abrigo de Ciço Gobeu em 1974: Eduardo Menezes, Edmo Cavalcanti e Nivaldo Cantuária

Olha aí o assunto rendendo um pouco mais. O Eduardo Menezes complementa o post anterior trazendo duas raras imagens dos primórdios do famoso abrigo do Ciço Gobeu.

E ainda teremos alguns mistérios a desvendar:

Quem é o rapaz não identificado?
Qual bebida os garotos estavam a degustar?
O que estes então meninos fazem hoje em dia? (Esta acho que sei a resposta. Mas deixo em aberto para os leitores)

E você que detalhes das imagens chamou sua atenção? Olhe direitinho para os cartazes na parede.

E agora vamos ao email do nosso colaborador:

César,

Tô enviando duas fotos do "Abrigo de Ciço Gobeu" tiradas em 1973 e 1974, onde vendia o famoso doce feito pelo "velho barbudo das unhas grandes tipo Zé do Caixão.
Os personagens que estão na foto de 1973 é Ricardo Menezes e Nechico, já falecido, foi atropelado lá pelas bandas de São Paulo. O rapaz que vai passando não lembro o nome mas era bastante conhecido, estava sempre perambulando pelas ruas, também foi atropelado, um caminhão pegou ele no centro de Delmiro pouco tempo depois da foto. Os da foto de 1974 sou eu, Edmo Cavalcante e Nivaldo Cantuária.

Eduardo Menezes
Onde houver fé, que eu leve a dúvida.




Agora é com vocês.


Abrigo do Ciço Gobeu em junho de 2007

Como já dito antes o blog não tem regras fixas. Portanto resgatei um post de 14 de julho de 2007, que versa sobre o mesmo tema. E o melhor traz uma imagem de outro ângulo mas do mesmo local passados trinta e três anos das enviadas pelo Eduardo. É interessante que possamos fazer as devidas comparações. Vamos ao material enviado então pelo Paulo da Cruz.

César,

No momento estou sem tempo para escrever um texto que descreva esse ponto turístico/gastronômico/etílico da nossa Macondo. Como tive oportunidade de fotografá-lo recentemente, agora em junho deste ano, talvez só com a publicação da foto já seja suficiente para se iniciar uma boa rodada de comentários saudosistas de antigos freqüentadores. O bar do Ciço Gobeu sofreu uma série de reformas e estã com excelente aparência. Talvez alguém possa comentar também sobre uma placa de inauguração postada ao lado, junto a um pedestal ainda sem busto. O que diz esta placa? De quem será o busto? Por que ainda não foi colocado lá?

Paulo da Cruz.

Agora é com vocês

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Abrigos Delmirenses



O Fernando Alves Pita nos envia uma imagem do atual Centro de Arte e Cultura de Delmiro Gouveia. Não vou aqui falar da importância do Centro. Para tanto basta dar umas “googladas”, que aparece um monte de atividades interessantes desenvolvidas pelo mesmo. Mas vamos aproveitar sua colaboração e tentar esticar o assunto, que já foi ventilado em posts anteriores.
A linha do blog tem sido mais de buscar o lado prosaico da Macondo Sertaneja. E aí é que dá para a gente se divertir um pouco. Então vamos lá: Este prédio originalmente foi o terceiro abrigo da cidade. Antes dele já existiam, e ainda existem, os de Mané Bispo e de Ciço Gobeu. Mas, Abrigo? Por que esta palavra? Vejamos sucintamente o que consta no dicionário:

s. m., do Lat. apricu
lugar protegido, refúgio
resguardo, amparo, protecção;
refúgio;
guarida;
porto;
baía;
enseada.

Abrigo em Delmiro Gouveia é o local onde se vende bebidas, lanches e cigarros, entre outros tantos brebotes. Também é point onde se reúnem um bocado de cabras a discutirem sobre tudo: futebol, política, vida alheia principalmente, religião, beleza feminina...e por aí vai. O que não falta é assunto. Enfim é bastante parecido com aquilo que em outras cidades, Curitiba por exemplo, chama-se de Boca Maldita. Também é um local onde entre um papo furado e outro existe uma boa possibilidade de fechar alguns negócio de compra, venda e troca.

Dos meus tempos delmirenses lembro que os dois abrigos existentes tinham suas semelhanças e também nuances diferentes. O Abrigo do Mané Bispo além das atividades antes mencionadas também funcionava como uma espécie de rodoviária informal, pois dali saiam as rurais (que faziam concorrência ao ônibus do Zé Balbino) para Paulo Afonso, e ficavam estacionadas ali perto também as caminhonetes C10 que levavam as pessoas que vinham de outras localidades para a feira delmirense.

Do Abrigo do Ciço Gobeu lembro do meu pai papeando com outros aposentados debaixo da sombra de uma enorme árvore que ficava em sua frente. E minha memória gustativa ainda consegue lembrar dos famosos doces de leite vendidos em copinhos tapados com um papel branco. Alguém lembra do velho barbudo que os fabricava?

Mas voltando à imagem original do terceiro abrigo e colocando as indagações de praxe para movimentar os comentários :

Quem foi o seu primeiro dono? Seria alguém chamado Valdomiro ou Valmir?
Sua arquitetura sempre foi esta?
O que ele tinha de diferencial em relação aos outros?

Afinal você tem alguma história interessante que tenha acontecido nos abrigos delmirenses? Então deixa seu relato por aqui.

Creio que neste tópico a Cleonice Menezes e o Luiz Orleans poderão palear muito mais. Afinal eles foram contemporrâneos do terceiro abrigo.

Agora é com vocês.

sábado, 1 de novembro de 2008

Prédios Delmirenses: Sobrado do IBGE. Uma aula por Eduardo Menezes.

O blog não tem regras fixas. O bom disto é que dá certo dinamismo. E considerando riqueza de detalhes e informações trazidas pelo do Eduardo Menezes sobre o atual prédio do IBGE, resolvi transformar o seu comentário em post complementar ao anterior: Prédios Delmirenses.

Texto de Eduardo Menezes.

Conversando com meu pai, para quem ainda não sabe João Menezes (conhecido por Zito), Coletei algumas informações sobre o sobrado da foto que enviei e juntando com as poucas lembranças minhas, chegamos a isto:

- Foi construído por Arsênio Freire, mascate de Mata Grande que resolveu morar em Delmiro Gouveia, onde, após algum tempo comprou uma padaria na Rua Rui Barbosa, onde hoje funciona o posto de lavagem de veículos Irmãos Feitosa.

- Na construção foi usada a madeira de um antigo sobrado pertencente a Agenor Serpa, Pai de Antenor Serpa, que ficava no povoado Várzea do Pico.

- Foi inaugurada em 1948, data da foto que mandei. Aliás, a essa foto foi enviada junto com o convite de inauguração.

- Meu pai, na época com 18 anos, foi a inauguração. Entre os convidados ele lembra que estavam Dr. Antenor Serpa e Joaquim Correia e silva (conhecido por Quinzinho).

- A inauguração teve direito a champanhe (bebida não muito comum na época) e bênção do padre da paróquia local.

- Em 1954, com a instalação do município de Delmiro Gouveia, Alfredízio Gomes de Menezes foi nomeado prefeito, enquanto chegavam as eleições, e o sobrado passou a ser a sede da prefeitura, que depois foi transferida para a Rua do Progresso (atual Av.Pres. Castelo Branco), em cima da farmácia de Quinzinho.

-Dedé patriota, irmão de Zezé, morou no 1º andar.

- Com relação aos americanos ele lembra vagamente de alguma coisa, pois na época tinha ido morar em Colônia Leopoldina, mas acha que ficaram por pouco tempo.

- Quando o IBGE foi instalado, pela primeira vez, no período de 1973 1976 no 1º andar do sobrado, no térreo funcionava a Emater. Nessa época Chico do Berimbau (conhecido por Tarzan, Bilu Tetéia, Roberto Carlos, entre outros apelidos) já morava em um quartinho que ficava nos fundos do sobrado. O prédio pertencia a Miguel Gandu.

- Dona Luiza, mãe de Careca, montou o hotel após a desocupação do sobrado pelo IBGE e a Emater que saíram em um período próximo, Chico do Berimbau também já tinha abandonado o local.

- Quando o IBGE retornou em 1992, o sobrado já pertencia a Maria José Vieira e ficou até 2007. Nesse período funcionou, no térreo, um restaurante que passou por quatro proprietários: Maria, Arnaldo (irmão de Chico, Rubinho, Armando...), Fátima e (não sei o nome) Tio João.

1 de Novembro de 2008 15:04


Agora é com vocês. Há um monte de gente sendo citada. Certamente dará panos para mangas.