Ele nos enviou dois documentos
raros: a cópia da folha de carteira de trabalho e crachá do Antonio Carlos
Menezes. O detalhe interessante é que o
falecido Sr. Antonio Carlos era o DONO DA FÁBRICA que era então chamada de Cia
Agro Fabril Mercantil. Interessante que
ninguém chamava crachá. E sim plaqueta. Todos nós (operários/funcionários/colaboradores)
erámos obrigados a trazê-lo dependurado na camisa. Sem ele não podia entrar e
muito menos circular pelas dependências da Agro Fabril.
Minhas lembranças do então dono
da fábrica são bastante tênues. Sabíamos de sua chegada pelo barulho dos
motores do seu avião que fazia então um sobrevoo pela cidade. E logo em seguida
pousava no campo de aviação que ficava um pouco afastado. Cerca de uma hora e
pouco depois era comum ver o seu Antonio andando pelas instalações de sua
fábrica. Geralmente usava roupas em tons sóbrios(acho que bege) mas fazia
questão de trazer o crachá pendurado no peito como se fosse também um
operário/funcionário. Dava exemplo.
Suas visitas eram espaçadas.
Creio que era em média a cada 30/45 dias em média que ele visitava DG. Lembro-me também que havia certo temor
reverencial pelo patrão. Era visto meio como se fosse uma figura mitológica. Passados os anos é possível afirmar que era
engano nosso. Afinal era gente como a gente.
Após alguns anos morando em Recife e trabalhando num banco estrangeiro,
tive a oportunidade de conversar brevemente com os seus familiares que eram
clientes. Falei com o seu sobrinho Luiz Augusto Menezes(seu Lula) e disse que
era sobrinho do Adonias. Ele ficou bastante emocionado e perguntou logo pelo
meu primo Adeilton. “ E o Buiú como vai? Tem notícias dele?”. E alguns depois falei com a D.Lise e o Tony
(viúva e filho do Antonio Carlos). Todos muito gentis e agradáveis.
Agora é com vocês.
PS: escrevendo esta postagem e
eis que chega via rede social convite para participar dos festejos dos 100
anos. Agradeço a gentileza mas infelizmente não poderei comparecer. Fico o
agradecimento e a lisonja pelo gentil gesto. E desejando boa comemoração para
todos. Reproduzo convites recebidos.
“Amigo César, gostaríamos de contar com a tua presença neste evento. Peço
desculpas por te enviar hoje o teu convite, mais só ontem chegaram às minhas
mãos. Abraços, Hermância.”
14 comentários:
Caro César,
Que relíquia! Vendo esse crachá com o nº de matrícula 0029 lembrei-me do meu e do grande orgulho que sentia carregando-o no peito. Todos os dias eu, minha bicicleta e um crachá, saíamos apressados p/não perder a hora de cravar no relógio de ponto aquele cartão com a matrícula 1484 que até um dia desses tinha-o guardado numa caixa com papéis antigos, inclusive com a carteira de contribuinte do Clube Vicente Lacerda de Menezes. Tinha eu 15 anos e minhas contas, que eram tão poucas, já pagava do próprio bolso. Quando eu ainda não trabalhava na fábrica, (deveria ter uns 12 ou 13 anos) meu pai - que trabalhava no 'Fomento Agrícola' e auxiliava o Veterinário de D.G no serviço de vacinação de animais, foi até a casa grande da Agro Fabril dar uma verificada em 02 cães enormes que pertenciam a Sr. Antônio Carlos e precisavam naquela ocasião de uma consulta. Meu pai fazia seu trabalho, eu atirava pedras na água do açude (que ficava bem próximo) quando olhei pro lado e ví com olhos de menino um homem bastante alto conversando com ele. Aproximei-me sem saber quem era e lembro de ele me recomendar que tivesse cuidado p/não cair na água e me afogar. Depois que ele foi embora, perguntei quem era e meu pai falou que era o "dono daquilo tudo". Por um momento fiquei apavorado pensando se ele não voltaria p/me dar uma bronca ou se por acaso não teria reclamado ao meu pai pela ousadia de atirar pedras naquela açude tão bonito. Pouco tempo depois eu estava trabalhando na fábrica, tinha mais noção das coisas e quando via de longe aquela figura sisuda quase mítica, seguida por um exercito de colaboradores caprichando p/terem as respostas na ponta da língua e tudo o mais p/agradá-lo eu lembrava daquelas pedras que jogadas na água assustou os pássaros e peixes daquele lugar.
Quanta saudade e quantas lembranças boas, Cesar. Obrigado pelas postagens sobre a Fábrica da Pedra. As vezes no trânsito, aqui na cidade onde moro, passando em frente ou ao lado de algumas grandes indústrias têxteis desativadas, empoeiradas pela ação do tempo e outras até transformadas em grandes redes de hipermercados, preservando apenas a fachada original, me ponho a pensar: Meu Deus, quantas famílias
são sustentadas direta e indiretam ente pela Fábrica. O povo de Delmiro é verdadeiramente abençoado por Deus. Eu creio.
Tony Lima
São Paulo
Belo pos e ótimos comentários.
Meus parabéns ao blogueiro e seus colaboradores.
Enio Lins
Sempre afirmei por aqui que a alma do blog são os comentários. Apenas jogo um tema na tela..e ai rende um bocado. Grato a todos.
César
Na minha infância morei na rua Rui Barbosa (de cima). Meu pai e meus avós maternos foram operários da Fábrica da Pedra. - Lembro-me de ter visto seu Antônio Carlos uma vez somente. Não gravei a sua fisionomia. Foi boa a ideia de trazer para o blog esse material.
César, li recentemente o livro DELMIRO GOUVEIA-O PIONEIRO DE PAULO AFONSO, de Tadeu Rocha - edição de 1963 e quero relembrar um pedaço da história da fábrica, colhido na mesma obra: em 1929, a empresa pernambucana Menezes Irmãos & Cia, adquiriu a fábrica de tecidos, cabendo aos irmãos industriais Luiz e Vicente Lacerda de Menezes dirigir a Cia Agro Fabril Mercantil. Eles eram filhos do engenheiro Carlos Alberto de Menezes, fundador da Fábrica de Tecidos de Camaragibe. Luiz ficou na direção da empresa até 1941, quando passou a função para Vicente. O jovem ANTONIO CARLOS DE MENEZES, filho de Vicente, frequentou cursos de fiação e tecelagem nos Estados Unidos e em junho de 1947 foi escolhido diretor técnico da Cia Agro Fabril Mercantil, e em um ano e meio depois foi indicado presidente. - O final da história muitos se lembram, Antonio Carlos na década de 1980 tirou a própria vida.
Muito interessante o relato do nosso colaborador Paurílio. Eu desconhecia estes dados históricos.
César
César, há uma figura muito conhecida e de quem ouvia referências, quando do meu tempo de menino em Delmiro Gouveia. Trata-se de seu DÉLIO. Ele aparece até numa foto antiga de uma banda de música, postada neste blog. Será que alguém saberia se ele era da família de Antonio Carlos? Qual a função dele na Cia Agro Fabril Mercantil?
Caríssimo César, e demais colegas do planeta AMIGOS DE DELMIRO GOUVEIA, que resgate histórico maravilhoso esse feito pelo Vítor não é mesmo? tô aqui a admirar, o crachá e carteira profissional do Sr. Antonio Carlos! Na minha infância, quando ouvia falar do AC, era como se estivesse ouvindo falar do dono da cidade. Então eu era fã desse cara. Afinal, a nossa querida Delmiro orbitava em torno da capacidade administrativa...DELE! Em setembro de 2011, eu estava no bar Candeeiro, com o prazer de papear com figuras: Ricarti Mafra, Edson Borracha, Antenor Serpa e Clênio Sandes. Na oportunidade, o Clênio disse que o AC, ao saber que estava com câncer resolveu suicidar. Na epoca, março 1983, surgiu um boato que o suicídio foi por conta da crise da fábrica. César, estive em Delmiro na festa do São João e encontrei Ni, Kate, Borracha, Márcia de Zé Gomes, Valmir Bafão, Núbia Camba, Zé Augusto Bandeira, Maurício Bandeira e aí já sabe...festa até umas horas rsrs
Edmo deve ter sido muito legal este reencontro com tanta gente conhecida. Imagino a risada geral com as historias.
abraços
César
Olá,
Meu nome é Isabella e sou prima em segundo grau de Antonio Carlos, sobrinha neta de Vicente e Antonio de Menezes. Me lembro com muito carinho dele e andei neste avião, amarrado com corda,tinha 5 anos eme lembro até hoje.
Além da Fabrica, eles tinham uma casa em Delmiro Gouveia ou próximo. Me lembro que tinha uma jaguatirica como bicho doméstico, uma piscina escura e funda. Lembranças de criança, claro.
Estou indo em Janeiro a Delmiro Gouveia e queria saber se tal casa ainda existe.
Pode me ajudar?
sds
Olá pessoal do GVM, também trabalhei na fábrica, mais preciso na expedição. Minha matrícula;1385 - pra eu algumas pessoas, eu recebi o apelido de Peninha. Cantor da música: Sonhos, na época tive que aprender a dançar, pois o ano da nossa formatura 1977, onde a Tita, e outras meninas me ensinava a dançar, e era só a música do peninha.
Muita saudade daquele tempo, eu aínda tenho uma foto da nossa Turma até hoje.
Com carinho. Cícero Barbosa da Silva, conhecido pelas gatas da nossa turma como: bobinho.
Grande Cícero Barbosa da Silva CBS. Grande cantor. Colega de trabalho da expedição e do GVM. Prazer em ter vc por aqui. Querendo enviar suas histórias e lembranças delmirenses para publicação no blog sinta-se à vontade. Abraços
Postar um comentário