Vilela é uma figura popular e estabelecido na Macondo Sertaneja há bastante tempo. Não sei muito sobre sua vida pessoal. Mas o conheço de vista desde quando eu era criança e morava na Rua Augusta, e ele tinha o seu atelier bastante próximo. Ficava no beco que dava para trás da casa do seu Antonio Grande.(dono de um curtume e pai dos gigantes Dêda, Nino e Zedequias)
Vilela tinha então uma barba imensa. E sempre que passávamos correndo a brincar pelo beco, era possível vê-lo junto com um ajudante a produzirem chapéus de couro. Tanto que era chamado de Vilela do Chapéu de Couro. Mas sua produção ia, além disto: selas, sandálias, sapatos e botinas. Por vezes ficávamos na porta e espiar eles trabalhando com afinco: aparando arestas, costurando, dando acabamento. Eu sempre olhei com certa admiração este tipo de trabalho artesanal.
Agora em janeiro de 2010, em visita a cidade, eu estava na loja de presentes do meu amigo Edson Borracha (loja chamada carinhosamente por alguns de “Pequeno Paraguai em DG), quando reparei que havia uma oficina/atelier ao lado da loja. E perguntei ao Edson se ele se lembrava do Vilela que também trabalhava com isto. Ele respondeu: César é o Vilela!
Enfim. Fui até lá. Papeamos um pouco. Ele não se lembrava de mim de forma alguma. Afinal as lembranças que eu tinha eram de muitos anos atrás quando eu ainda era o que se chama de um “menino buchudo” e ele um adulto. Para criança sempre é mais fácil lembrar. Mas isto não foi empecilho para entabularmos um rápido papo. Ele foi bastante gentil, afável, explicitou seu trabalho muito bem e por e deixou-se fotografar junto com sua arte. E ainda rimos um bocado quando me lembrou do nome que dávamos as rústicas sandálias de couro: Xô Boi.
O Vilela não conserva mais sua imensa e famosa barba. No entanto a qualidade do seu trabalho permanece.
Recomendo ao turista ou antigo morador que quando na cidade arrume um tempinho e visite este artista delmirense. Seu atelier atualmente fica na rua por trás do antigo Cine Real. Ali bem pertinho do antigo cartório. Não tem como errar.
Vamos às imagens. E agora é com vocês.

O artista do Couro: Vilela e César.
Área de vendas do atelier: produtos em exposição. Destaque para os famosos chapéus
Área de vendas do atelier: produtos em exposição.
Instrumentos de trabalho: molde para chapéu.
Instrumentos de trabalho e produtos em processo de fabricação.
As famosas sandálias "Xô Boi ! "PS: O legal num blog é sua interatividade. Após o texto postado surgem comentários. E comenta-se daqui....comenta-se dali e assim um assunto vai puxando outro e as lembranças vão aparecendo. E eis que após três dias da postagem original, vamos inserir imagens enviadas pelo Eduardo Menezes e que corroboram seu depoimento. Ou seja: o cabra mata a cobra é mostra a sandália.
Piranhas/junho 1976: Elias. Eduardo e Ricardo Menezes.
Piranhas junho/1976: O clã dos Menezes: Eduardo, Zito e Ricardo.