sábado, 16 de janeiro de 2010

Tâmaras em Delmiro Gouveia.

Hoje trazemos à baila um fato curioso ouvido nesta viagem recente a nossa Macondo Sertaneja. A historia nos foi contada pelo Marquinhos do Posto Aldo(atual secretário municipal de Meio Ambiente). O Marquinhos é uma pessoa bastante simpática, afável e disponibilizou parte do seu tempo conosco numa visita ao Parque Histórico da Usina de Angiquinho.

E durante o trajeto até Angiquinho ele nos contou sobre uns pés de tâmara que haviam sido plantados na Vila Operária. Tais tamareiras foram trazidas pelo pioneiro Delmiro Gouveia de quando numa viagem ao Egito.

Em sua narrativa o Marcos nos contava que elas foram plantadas nos quintais das casas de esquina da Vila Operária. As casas de esquina eram ocupadas preferencialmente por quem exercia cargo de chefia na fábrica da Pedra. E que quando criança na casa de sua avó ele comia tâmaras Estivemos visitando a casa de sua avó (uma senhora já quase nonagenária, bastante lúcida e super simpática) que mora na Rua José de Alencar, e ela corroborou a historia. No quintal de sua casa não havia mais a tamareira. Ela tinha sido infestada por cupins e foi derrubada e até mesmo os resquícios de tronco haviam sido retirados.

Fomos então até a outra esquina e no quintal desta casa havia sim uma árvore. Como a residência estava fechada, fiz duas fotografias de longe. Uma delas com uso do zoom.

Ele também nos contou que teve uma conversa com um professor da Universidade de Tel Aviv, que esteve visitando Delmiro. E o tal professor tinha ficado surpreso com o fato. Pois as tamareiras levam em média trinta anos para apresentarem frutos.

Eu não entendo absolutamente nada do assunto. Mas acho que o tema é interessante para os pesquisadores e curiosos sobre os fatos da terrinha. Seria interessante ouvir os relatos entre outros do David, Paurílio, Abrahão, Eduardo Menezes Paulo da Cruz, Eraldo, Danúbio, André...

Para mais esclarecimentos sobre o assunto sugiro uma pesquisa na net nos sites do Wikipédia ou no tâmaras.com.br, pois, por lá encontrei dados divergentes sobre a chegada das primeiras tamareiras ao país.
Quem estaria certo então?

Agora é com vocês.



20 comentários:

Anônimo disse...

Olá, César, muito interessante esse assunto sobre as tamareiras. Bem, o que posso opinar é o seguinte: não há relatos de que o coronel Delmiro Gouveia tenha ido ao Egito, todavia, fato é que nos primeiros anos de funcionamento da Fábrica de Linhas utilizou-se o algoão importado do Egito, antes de se passar a utilizar o Seridó, procedente do Rio Grande do Norte.
Caso essas tamareiras tenhão vindo mesmo do Egito, provavelmente se deu em 1912 ou 1913, época provável da aquisição do algodão que servia de matéria-prima para a produção de linhas de coser, na referida fábrica.

Talvez seja possível, em fotos antigas da vila operária, tentar identificar algum pé dessa árvore.

Por David

Anônimo disse...

David como apenas ouvi e agora após alguns dia que postei o relato talvez eu tenha feito confusão com viagem e trazer de lá. Mas enfim o objetivo do blog é fazer o papo render.

César

Anônimo disse...

Sem problemas, César. Mas é curioso esta história das tâmaras.
Por David

Paurílio disse...

César, nunca ouvi nem li a respeito das tâmaras. A hipótese pode ser essa trazida por David. Lembramos que Delmiro, segundo a literatura, introduziu no Brasil uma certa raça de gado, originária da Índia. Portanto não fica difícil acreditar que ele também tenha trazido a tâmara do Egito.

Anônimo disse...

Por favor, corrigindo meu primeiro post, onde se lê "tenhão", por favor, é TENHAM. hehehehe!!
Paurílio se essa planta, de fato, existiu naquela região na época do pioneiro, conforme a senhora com quem o César conversou afirmou tal fato, é mais um acerto do visionário Delmiro. Esses assuntos que não encontramos nos livros e em documentos, ou seja, no discurso oficial, deveriam ser mais divulgados, a fim de se conhecer melhor o sertão alagoano.
Por David

Eduardo Menezes disse...

Estou coletando informações sobre o caso das tamareiras em Delmiro, ainda hoje passarei pra vocês.

Aproveitando o espaço quero informar a morte de duas pessoas:
O fotógrafo Zé Cacundinha, ocorrido há uns 12 dias e Valmir, dono do antológico bar Som de Ouro.
A morte de Valmir ocorreu em Maria Bode e foi bastante trágica, ele estava alcoolizado e ía no sentido Delmiro/Água Branca, não parou no cruzamento, passando direto, e foi surpreendido por um ônibus que vinha no sentido Carié/Paulo Afonso.

Danúbio de Oliveira disse...

Sempre me surpreendo com a visão futurística de Delmiro Gouveia e concluo que se não fosse o fim trágico e precoce de sua vida, talvez o sertão, Alagoas, enfim o Nordeste teriam um cenário diferente e melhor para ser mostrado ao País e ao mundo. Sempre soube que nas suas viagens ele vislumbrava aproveitar o que melhor se adaptasse a essa região e tentava trazer para impulsionar o progresso. Foi assim que vendo as cataratas do rio niágara e o aproveitamento que já faziam da força de suas águas ele teve a idéia de importar os geradores que transformariam o potencial hidráulico de Paulo Afonso em energia elétrica. Naquele início do século XX poucas cidades no brasil dispunham de iluminação elétrica pública e a "Pedra" se orgulhava de além desse milagre da tecnologia, estipular aos operários da Agro Fabril Mercantil, regime de trabalho com oito horas de trabalho e descanso semanal aos domingos, aproximando-se ao que viria ser o regime de CLT adotado anos depois por Getúlio Vargas. Numa viagem ao México ele viu que a palma forrageira se adaptaria ao nosso clima e foi um dos pioneiros da disseminação desse forte aliado na alimentação do gado. Visconde de Mauá, Leonardo da Vinci Delmiro Gouveia e outros poucos que deixaram suas marcas nesse planeta, simplesmente "Despertaram" enquando as outros ainda padeciam de "Sonolência".

Eduardo Menezes disse...

César,

A foto postada é da última casa da Rua José de Alencar, vizinho ao muro da fábrica. E, realmente, a palmeira mostrada foi a primeira tamareira plantada em Delmiro Gouveia. Porém, há um pequeno engano na história contada pelo Marquinhos, talvez motivado pelos contos que envolvem o empreendedor Delmiro Augusto, onde é comum creditar e/ou acrescentar histórias as pessoas que marcaram época.
Em contato feito por telefone com Socorro, filha de Alfredízio Gomes de Menezes, ela me contou que seu pai era leitor assíduo da revista Chácaras e Jardins, que circulava na época, e na revista vinham endereços de lojas que vendiam sementes e mudas de plantas e árvores, foi através dessas lojas que Alfredízio mandou buscar a semente da tamareira e ele mesmo plantou, coisa que ela lembra muito bem, pois viu seu pai plantando a palmeira. Segundo Socorro, isso se deu no início dos anos 50. Com relação a tamareira que tinha na casa da avó de Marquinhos, que na época meu avô morava lá, provavelmente foi fruto da tamareira da casa de Alfredízio, assim como as tamareiras que foram plantadas na casa da Rua Vicente Menezes, quando ele mudou-se para lá.
Meu pai, Zito, confirma o relato de Socorro, só não concorda com a época de plantio, pois ele morou lá até 1952 e lembra que comia as tâmaras, sendo o mais provável que o plantio na casa dele se deu por volta de 1945.
Com essa discordância de datas, é bem possível que a tamareira plantada na casa de meu pai tenha sido através das mesmas sementes encomendadas por Alfredízio, que não deve ter comprado só uma.

Conclusão:
Delmiro Augusto da Cruz Gouveia não tem nada a haver com o mistério das tamareiras plantadas na nossa Macondo Sertaneja, ele nem chegou a ver tal coisa por lá.

Uma curiosidade:
Essa historia de Egito, Oriente, tâmara... Lembrou a meu pai um avisou que Delmiro Augusto fez através de panfletos datilografados, proibindo o povo de usar xales e cachimbos, pois eram costumes do Oriente e deveriam ser banidos. Meu encontrou um desses panfletos em uma mala, por volta de 1942, e o pai dele confirmou. Depois meu pai entregou esse panfleto ao seu tio, o jornalista Hidelbrando Menezes, que publicou em um livro sobre Delmiro Gouveia.

César Tavares disse...

Legal este verdadeiro trabalho de pesquisa do Eduardo. Apenas uma observação. A foto é da casa de esquina mesmo. E a avó do Marquinhos reside ainda na esquina oposta.

Seria legal que o Marquinhos tb comentasse.

Particularmente para mim o mais importante é(são) a(s) versão(ões) não os fatos em si.(rs) Desde que o papo se prolongue feito aquelas conversas de mesa de bar.

Anônimo disse...

Excelente essa contribuição do Eduardo, desvendando mais um mito, e trazendo informes sobre a incursão da tamareira na região. Desconfiei pq no site indicado pelo César, tem a informação de que tal planta chegou ao Brasil em 1928.
Bem, quanto à proibição do Delmiro ao uso de xale e cachimbos, reflito o seguinte: como é que o DG ia distribuir panfletos com tal proibição numa localidade onde a maioria era analfabeta? Penso que este aviso era distribuído somente aos mais graduados e fiscais da Vila, responsáveis pela fiscalização e apreensão dos objetos. Inclusive a punição era com multa $$. Cabe salientar que o uso do xale (preto ou colorido) fazia parte do vestuário tradicional das sertanejas, que os usavam envolto ao pescoço ou cobrindo a cabeça, muito comum nas idosas e viúvas; tal proibição acarretava constrangimento moral. Proibiu-se também o uso de óleo ou banha nos cabelos, bem como regulava o corte de cabelo, entre outros. Tanto o cachimbo quanto o cigarro de palha eram vedados, no intuito de inserir os sertanejos nas regras de civilidade e asseio. Portanto, não há relação alguma das proibições do Delmiro, como justificativa, por serem hábitos considerados do Oriente.

No livro do Hildebrando, cuja 1ª edição é de 1966 e a 2ª de 1991, ele menciona a proibição, mas não faz referência ao panfleto datilografado. Embora na década de 1920 o jornal local, em suas colunas, fizesse alerta contra o uso do cachimbo.
Por David

Luiz Reginaldo Silva disse...

Parabéns pela discurssão levada em curso. Bem interessante e esclarecedora também.

Estou a procura de informações para ajudar nos conhecimentos dos colegas.

Abraços.

Luiz Reginaldo
Arapiraca Agreste alagoano

César Tavares disse...

Pessoal dei uma atualizada no post de 17 de dezembro/2009 "Angiquinho" por David Roberto. Coloquei o link para a matéria completa da revista. Recomendo a leitura. Abraços.

Paurílio disse...

Eu também aceito mais essa linha lembrada por David, no desejo de Delmiro colocar o sertanejo dentro da civilidade e do asseio. Lendo alguns livros sobre Delmiro, sempre é ressaltada a limpeza que se via na área onde estavam a fábrica e a vila operária, além da boa apresentação dos seus operários. Até sobre o uso do sanitário as pessoas eram instruídas, pois era coisa estranha para a maioria dos sertanejos. Cuspir no chão significava severa punição para quem o fizesse. Se o Coronel Delmiro passasse nalguma casa da sua vila e observasse uma rede armada (naturalmente fora da hora de dormir), o dono da casa recebia um tremendo carão.

André disse...

César e amigos do blog, um ótimo 2010!. Essa senhora a qual você se referiu César deve ser a Dona Marinete, cuja casa de esquina da Rua Jose Bonificácio eu ia buscar o leite em fins dos anos 70 e comecinho dos 80. Espero que quando eu for a DG da próxima vez, possa visitá-la, quero ver se vai se lembrar de mim...rsss...é uma senhora muito bondosaa, na qual eu ia esperar o carro do leite chegar na casa dela que já parecia um sítio. César, já havia contado em postagem antiga: ficava uma "reca" de gente esperando essa veículo com o leitinho nosso de cada dia. E de vez em quando pedia para a D. Marinete pra retirar algumas "tamarinas" no linguajar macondês(tamarindo), ela sempre permitia e sempre recomendava pra não deixar cair folhas e quebra os galhos. Eu enchia a sacolinha plástica e fica todo contente e com os dentes desbotados também...rss. Quanto às tamareiras, igual aos demais não ouvi história alguma, mas a do David me parece bem plausível. Agora, eu me lembro sim de tê-las visto nos quintais das casas, achava e ainda as acho muito belas. Muito provalvelmente mais uma PIONEIRISSE do Senhor Delmiro!

André disse...

César e amigos do blog, um ótimo 2010!. Essa senhora a qual você se referiu César deve ser a Dona Marinete, cuja casa de esquina da Rua Jose Bonificácio eu ia buscar o leite em fins dos anos 70 e comecinho dos 80. Espero que quando eu for a DG da próxima vez, possa visitá-la, quero ver se vai se lembrar de mim...rsss...é uma senhora muito bondosaa, na qual eu ia esperar o carro do leite chegar na casa dela que já parecia um sítio. César, já havia contado em postagem antiga: ficava uma "reca" de gente esperando essa veículo com o leitinho nosso de cada dia. E de vez em quando pedia para a D. Marinete pra retirar algumas "tamarinas" no linguajar macondês(tamarindo), ela sempre permitia e sempre recomendava pra não deixar cair folhas e quebra os galhos. Eu enchia a sacolinha plástica e fica todo contente e com os dentes desbotados também...rss. Quanto às tamareiras, igual aos demais não ouvi história alguma, mas a do David me parece bem plausível. Agora, eu me lembro sim de tê-las visto nos quintais das casas, achava e ainda as acho muito belas. Muito provalvelmente mais uma PIONEIRISSE do Senhor Delmiro!

André disse...

Pessoal pessoal, desculpe a minha preguiça, pois devido a ela e por ter muita coisa pra ler antes da minha mensagem(13), eu baseei meu comentário tendo lido apensas o primeiro do David, grande vascaíno assim como eu.......hehehe. Acho que agora já mudei de opinião, parece bem plausível o que Eduardo escreveu.

Prof. Paulo da Cruz Freire dos Santos disse...

César,

Tamareiras só produzem se tiverem próximas a elas árvores da mesma espécie. Creio que hoje a que está plantada na antiga casa de Seu Alfredízio e D. Natércia, pais de Socorro, minha parenta e ex-colega de faculdade, não mais consegue completar o ciclo de produção. Ela porém continua lá, bonita e viçosa, apenas a sua visão fica um pouco prejudicada por conta de um grande arbusto que toma sua frente.

César Tavares disse...

Bom ter o Paulo novamente comentando por aqui.

Paurílio disse...

Prof Paulo da Cruz, sentimos mesmo sua falta. Gostaria que vc dissesse algo sobre o Campus de Delmiro (UFAL). Já está funcionando?

Prof. Paulo da Cruz Freire dos Santos disse...

Paurílio, estou preparando um texto sobre o Campus do Sertão. Falta apenas conseguir uma fotografia para enviá-lo a César. As aulas estão previstas para terem o seu início em março deste ano. Os alunos já foram selecionados, os professores também. Falta concluir o conjunto de prédios, o que deve acontecer ainda este mês ou início de março. A cidade vai ter um novo salto de qualidade.