Hoje teremos uma postagem tripla. Aproveitando que o nosso colaborador Edmo Cavalnte nos enviou texto e imagens sobre a vizinha cidade de Paulo Afonso.Aproveito e resgato mais dois textos dos blogs antigos e que são correlatos ao tema proposto.
Talvez, hoje, os delmirenses tenham uma certa facilidade em fazer seus estudos nos colégios locais. Mas nem sempre foi assim. Eis aqui alguns registros da aventura que era se deslocar diariamente para outra cidade.
Trago um texto postado em agosto de 2005 que fala sobre a caminhonete de Zé Freire que fazia o transporte dos estudantes nesta rota. E logo em seguida resgatamos outro texto de novembro de 2007, e neste há imagem enviada pelo Bráulio. Para complementar colo um comentário bastante interessante feito por um outro estudante anterior a “nossa época”.
O texto triplo ficou enorme. Mas ao menos os leitores terão uma visão quase panorâmica.
Vamos ao que interessa.
Igreja de S.Francisco em Paulo Afonso. |
Vista Parcial do Centro de Paulo Afonso |
Vista aérea de Paulo Afonso |
De 1971 para cá a cidade desenvolveu muito. Atualmente conta com uma população de mais de 100 mil habitantes. Admiro as administrações dos prefeitos que por lá passaram, e principalmente da CHESF que investe muito em arborização. Ao postar algumas fotos, aproveitei a carona e escrevi algo sobre a cachoeira de Paulo Afonso, mas que também é da nossa querida macondo. Espero que o correio não atrase esta carta, é que ela é registrada.
Grato pela atenção
Edmo Cavalcante (Maceió 20/05/2011)
Edmo Cavalcante (Maceió 20/05/2011)
A Caminhonete de Zé Freire na rota Delmiro Gouveia- Paulo Afonso(ou como era difícil estudar)
Texto de César Tavares e originalmente postado em 22 de agosto de 2005.
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Era uma mais ou menos parecida com esta. Só que tinha uma capota na parte traseira |
Ao terminar o ginásio no final dos anos 70, não havia curso secundário em Delmiro Gouveia , exceto o de Pedagogia. Então começava a revoada. A turma dividia-se Os mais abastados iam para centros maiores.(Maceió, Salvador, Recife e Aracaju). E os menos afortunados ou até mesmo por conveniência, iam estudar em Paulo Afonso.
E em Paulo Afonso a grande maioria dos estudantes ficavam mesmo fazendo curso técnico de Administração ou Contabilidade no Colégio 7 de Setembro. Nestes cursos havia aulas à noite. Portanto batia com os nossos horários. Quase todos trabalhavam. No meu caso: na fábrica. No entanto para o deslocamento DG/PA havia alguns inconvenientes: Os horários do ônibus da Viação Progresso, o seu ponto de embarque e desembarque e o preço. Então nos restava uma solução delmirense: A CAMINHONETE DE ZÉ FREIRE.
Era uma caminhonete C10 com uma capota na carroceria. Pegávamos ali ao lado da praça, quase defronte ao antigo mercado público.(hoje uma galeria de lojas). E nesta caminhonete íamos apinhados num total de dezoito estudantes. Quinze sentados em banquinhos na carroceria e três juntos com o motorista na cabine.
Nos meses de junho. A disputa pela cabine era imensa. Pois na carroceria, entrava pelas frestas um frio de lascar. Aquele friozinho conhecido que doía até nos ossos. Quem mora em DG sabe que frio é este.
Mas o desconforto era compensado pelas farras, brincadeiras e amizades travadas em espaço tão diminuto. E na quase uma hora de viagem valia tudo. Discutia-se política. Era o início do Governo Figueiredo. E a discussão mais importante era se o combate à inflação galopante era mais importante que a anistia. Futebol era tema recorrente. Piadas muitas piadas (de bom e de gosto duvidoso em maior número lógico), novelas e fofocas delmirenses. Tudo valia.
Na volta o papo já minguava. Afinal estávamos cansados. Um dia inteiro de trabalho, correria para pegar a condução no final da tarde. E depois quatro ou cinco aulas de Getúlio (o terror do colégio), então era normal quase todos cochilarem. E chegávamos em DG por volta das 11.30h da noite.
Às vezes por pura sacanagem alguém com um terrível espírito assassino soltava um raio fedor daqueles. E começava a troca de acusações para saber quem foi o criminoso que liberou uma carga de substâncias voláteis e altamente tóxicas em ambiente tão diminuto. Caso fosse descoberto, era devidamente justiçado pelo tribunal de exceção. A pena geralmente era uns bons babaus no miserável. Não vamos citar nomes para evitar constranger quem era contumaz em tal ato hediondo. Afinal hoje todos são pais e mães de famílias respeitáveis.
No entanto tinha um dia especial. Era a sexta-feira. Era praxe neste dia rolar uma batucada em plena carroceria. Tudo era com uma improvisação profissional. E o repertório era bem variado. Sambas chavões a exemplo de Foi um Rio que Passou na Minha Vida até o as músicas do Waldick Soriano. Enfim era bem eclético o gosto da turma. Havia espaço para todos os gêneros.
E isto era feito pelos camaradas ai abaixo(de quem tenho as melhores lembranças):
Tonho do Banco do Brasil. O mais elegante da turma. Afinal tinha um bom emprego. O Tonho levava um atabaque;
Eilson (Fuleirinho) se encarregava de trazer um pequeno "tantan";
Carlinho Kipá (que trabalhava no hospital) levava um triângulo;
Wellington de Jatobá(filho do coletor estadual) levava um reco-reco.
Maysa imitava com a boca o som de um piston. Perfeito. Ela morava ali no Desvio e trabalhava na fábrica no setor do Walmir. e Cláudio Cardoso(filho de Zé Galego) cantavam E os demais faziam o coro.
E eu que com a minha coordenação motora inexistente era impedido de tocar qualquer instrumento que fizesse barulho. Pois poderia atrapalhar o grupo. Então davam para mim uma pasta que não fazia som algum. E diziam: Olha cara você finge que toca, assim você se diverte e não atrapalha a gente.(risos) e o coro da música, como eu não sabia nenhuma também, só podia fazer o refrão. E assim mesmo baixinho.(risos).
Saudades deste tempo. Hoje passados tantos anos achamos engraçado. Na época era dureza para o sujeito fazer um cursinho rafaméia tinha que dar um duro da gota serena.
Atualizando os dados:
Em janeiro de 2005 encontrei o Tonho. Teve um grave problema de saúde e se aposentou pelo BB. Conversamos ali na vila numa manhã ensolarada. Rimos um bocado. Gente muito boa.
Na festa de 20 de conclusão da oitava série do GVM, em junho de 1997, reencontrei o Wellington após 17 anos sem ter notícias do mesmo. Tomamos umas cervejas e colocamos papo em dia. Ele mora em Maceió. Mas lá se vão oito anos novamente.
Carlinhos Kipá. Morava ali na Padre Anchieta. Após terminar o segundo grau conseguiu emprego numa dessas grandes empreiteiras mineiras e passou a correr o país inteiro. Não tenho contato com ele desde o natal de 1983. O último que passei em DG. Já morava em Recife. E o Kipá estava também passando uns dias com a sua mãe. Ele morava em Belo Horizonte.
O Eilson Ferraz um dos sujeitos mais divertidos que andavam na velha e boa caminhonete C10, faleceu num acidente em DG ainda no início dos anos 80. Uma pena. Mas será sempre lembrando pelo seu bom-humor.
Os demais companheiros de viagem tentarei lembrar o nome de todos. Perdoe-me os que eu por ventura vier a esquecer.
Rita de Cássia, filha do Dr. Luiz; ainda mora em DG. Dirigente de escola.
Vera e Celi Ferraz primas do Eilson; Não tenho notícias desde então;
Graça Padilha, mora em DG e dona da melhor casa de lanche e padaria da cidade;
Meire fazia o terceiro ano. Uma morena muito bonita e meiga que morava ali para as bandas da Castelo Branco. Não tenho notícias também.
Rosana Claudino. Uma das filhas do famoso carioca. Creio que voltou para o RJ.
Cléia Ribeiro. Fazia o terceiro ano em 1979. E trabalhava comigo na fábrica. Desde 1982 que não tenho notícias também;
Edvaldo do IBGE. Não sei por onde anda desde 1980. Era o mais letrado da turma. Lia muito. Gente boa. Parece-me que voltou para Santana do Ipanema ou Arapiraca;
Luiz Carlos do Manoel Bispo do Abrigo. O único barbudo da turma. Sempre elegante e com uma boa conversa. Fazia o terceiro ano também. Não o vejo desde 1980.
Caso alguém daqueles tempos lembre o nome dos que faltaram, por gentileza refresque a minha memória.
Em tempo: ainda pegamos o tempo bom. Estrada asfaltada e novinha em folha. Os outros estudantes que nos antecederam andavam de Rural. Lembro que o Mazo de Valdemar fazia este transporte. E a estrada era de chão batido. Uma poeira sem fim. Mas aqui quem pode contar detalhes seria o Bráulio. Fica em aberto o convite. E ai você quando fez o seu curso secundário teve estas mordomias todas? Deixe o seu recado.
Que maravilha ver tudo isso, estudei em paulo afonso no periodo de 1974 à 1976, inicialmente viajavamos com ze freire e depois em 2 Rurais, a de Mazo e Jazon gavião, que casou com eliane freire que reside à muitos anos em são paulo-sp. Estrada de chão, eu trabalhava no banco do estado de alagoas, juntamente com o saudoso Betinho de Dalva, que infelizmente já nos deixou, não se pode esquecer o maluco beleza CARLINHOS de Lula Braga, Valmir irmão de Mazo, Valdomiro, Cosme do padre Fernando e outros. Como muitos Delmirense e em razão da falta de oportunidade de trabalho arrumei meu "saco como cadeado o Nó" e resido em Salvador - Ba., fica a disposição o meu email para contatos, felizmente hoje temos a informatica para poder ver e matar as saudades, abraços a todos. aldo Oliveia Silva
Estudantes de Delmiro voltando de Paulo Afonso ou os Bons Tempos Viajando em Caminhonetes e Rurais.
Postado originalmente em 30 de novembro de 2007
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Turma de 1974: estudantes delmirenses numa farra após chegada da viagem para Paulo Afonso. |
Em agosto de 2005, ainda no primeiro blog, escrevi um texto sobre as viagens e as dificuldades dos estudantes delmirenses que eram obrigados a se deslocarem até Paulo Afonso, motivados por na nossa Macondo, não ter ainda um curso secundário. Então eu falei sobre os companheiros de viagem da famosa caminhonete de Zé Freire. Quanto tempo isto hein? Atualmente está em fase de acerto para que na terrinha tenha campi da UFAL.
E recebo agora a um texto e imagem do Bráulio Oliveira(geólogo da Petrobrás/Aracaju), onde mostra que apesar de todos os atropelos, no final do ano letivo, os meninos e meninas delmirenses conseguiam comemorar suas vitórias diárias. Vamos ao que interessa: Quem consegue identificar todas as pessoas?(um tarefa para o super-Abrahão)? E o Local?(acho que ta fácil ). O Bráulio já facilitou a tarefa ao nominar alguns. Agora é com vocês.
(abaixo no íntegra email recebido)
César,
Toda vez que vc dispara o alarme, procuro o álbum com fotos da época que morávamos em Delmiro e tento encontrar alguma que mereça ser postada no blog.
Como estamos chegando ao final de mais um ano, esta que estou enviando vem a calhar. É um registro de uma reunião de delmirenses no final de ano de 1974 ou 75. Genilson, meu irmão, que é o dono da foto, vai precisar melhor, quando a vir e comentar.
O que sei sobre ela é que essa turma viajou todo o ano para cursar o ensino médio nas escolas de Paulo Afonso, na camionete de Zé Freire e estavam comemorando o encerramento da árdua jornada. O local era um bar ou restaurante situado na parte central do comércio, creio
que vizinho a Adão Queiroz ou muito próximo.
O proprietário (7) aparece na foto. Lembro de quase todos os rostos, mas, os nomes não. Afinal, ja se foram trinta e alguns anos.
Um abraço