Navegando pelo Orkut vejo no álbum de uma pessoa amiga umas fotos bem interessantes feitas num lixão em Delmiro Gouveia. Solicitei autorização para reproduzir no blog. Mas entrando em contato com a autora, sugeri que além das fotografias ela bem que poderia fazer um texto para situar os leitores do nosso blog. Ela topou a ideia. E hoje a postagem fica por conta da professora Jane Cleide dos Santos.
Vamos ao que interessa:
“Por um Planeta Sustentável”
Texto e imagens de autoria de Jane Cleide dos Santos.
Meu nome é Jane Cleide Santos, sou pedagoga com Especialização em Educação Infantil e Alfabetização, sou professora há mais de 20 anos e dou aula em duas escolas públicas, uma estadual e outra municipal, ambas localizados em bairros periféricos, na cidade de Delmiro Gouveia, no Sertão Alagoano.
A escola onde foi desenvolvido o projeto em tela chama se Escola Municipal Eudócia Vanderlei Sandes. É uma turma de 4º ano, 22 alunos que apresentam dificuldades para ler e escrever e em sua maioria fora da faixa etária para o respectivo ano escolar. O bairro onde está localizada a escola chama se Área Verde, o mesmo teve início a partir de invasões dos terrenos desocupados pertencentes à viúva do Sr. Antônio Carlos de Menezes, antigo proprietário da única Fábrica Têxtil da cidade, hoje “Fábrica da Pedra”, onde já havia um enorme lixão que ainda hoje existe e é de lá que muitos dos pais de alunos tiram o seu sustento e até mesmo muitos dos nossos alunos ajudam os seus pais.
O Projeto “Por um Planeta Sustentável” nasce não apenas para cumprir um roteiro de conteúdos pré estabelecidos no início do ano, mas com o objetivo de proporcionar uma reflexão acerca da realidade que cerca aos nossos alunos, como também repensar o comportamento de cada um de nós, diante da problemática mundialmente discutida que é a convivência do homem com o meio ambiente, progredir em harmonia com o planeta, buscar meios sustentáveis que proporcionem qualidade de vida todos nós, ao mesmo tempo questionando os direitos e os deveres dos catadores que buscam o seu sustento no lixão sem proteção alguma esquecidos pelas autoridades locais.
O projeto teve início com a leitura dos textos – Os problemas ambientais na cidade; A ocupação desordenada dos espaços urbanos que trás como conseqüência a poluição do ar, do solo e da água, encontrados no livro didático de ciências que utilizo com eles. Outros textos também foram estudados, como a decomposição dos materiais e o papel do cidadão. Após as leituras e debates realizados em sala de aula, fomos visitar o lixão que está situado muito próximo da escola e presenciar o trabalho dos catadores, que disputam o lixo entre si e até mesmo com animais, em condições desumanas, como mostram as fotos em anexos, assistimos ao curta metragem Ilha das Flores.
Trabalhamos não apenas ciências, mas todas as disciplinas, e por ser um tema transversal, perpassa por todas elas de maneira satisfatória. Confeccionamos brinquedos reaproveitando restos de papeis, o baragandão, dramatizamos o Rap da limpeza (o texto encontra se em anexo), a música “jogue o lixo no lixo”, os alunos confeccionaram as fantasias para as apresentações que aconteceram no pátio da escola, com sacolas de supermercado que trouxeram de suas casas; fizeram os detergentes biodegradáveis, receitas pesquisadas por mim na internet e ensinaram aos pais como fazer. Investigamos também que tipo de lixo produzia a escola e sua quantidade, construímos gráficos e cartazes com os resultados.
A culminância se deu com a apresentação e exposição de todo material estudado e analisados pelos alunos, com as dramatizações construídas por eles sob a minha orientação, tal projeto teve a duração de três semanas, ao final foi feita uma avaliação geral da sala e uma auto avaliação que buscou detectar como se deu a participação de cada um.
O que ficou claro após estas avaliações e analise dos registros feitos durante o desenvolvimento do projeto, que constituíram a memória do projeto, foi que este tipo de trabalho envolve toda a sala e dá ao professor subsídios para repensar sua prática pedagógica.
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| Alunos, sob supervisão de adultos, encaminhando-se para aula de observação no lixão. |
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| Alunos atentos ouvindo as explicações sobre o que se veria logo em seguida. |
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| A caminho do lixão |
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| Chegando ao lixão(umcontraste interessante a degradação ambiental e ao fundo uma bela paisagem circundada por serras) |
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| Chegando ao lixão |
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| animais soltos circulam pela área. |
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| Trabalhando no lixão(homens e urubus no mesmo espaço) |
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| Habitação improvisada pelos trabalhadores do lixão |
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| Vidros separados para reciclagem. |
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| Nota-se habitações bastante próximas do lixão. |
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| Um dia de rotina: lixo abundante, homens e animais. |
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| Máquina tentando impor alguma "ordem" no lixão. |
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| O trabalhador lembra vagamente um espantalho. |
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| De volta a escola: trabalhar o que foi observado. |
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| Um grupo de alunos prontos para uma representação teatral diante dos olhares atentos dos demais |
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| Outra atividade lúdico-educativa com o tema visto in loco. |
15 comentários:
Grato a professora Jane por esta colaboração ao nosso blog. Interessante é que uma temática ainda não abordada. Algo do presente da nossa "Macondo Sertaneja". E faz um contraponto interessante aos nossos tantos elogios e saudosismo.Afinal Delmiro Gouveia também tem os mesmos problemas que todas as demais cidades deste país.
Esperamos que a professora Jane continue nos enviando outras contribuições.
César Tavares
Recife PE
Parabéns para a iniciativa da professora Jane Cleide. Seria bom que esse projeto fosse aqui em Maceió. Esta cidade está por demais precisando de uma cultura de limpeza. Delmiro Gouveia sempre esteve bem situada nessa questão, sempre foi e é uma cidade relativamente limpa. A escola que a Jane trabalha tem o nome da saudosa Dona Eudócia( mãe de Clênio). Por muitos anos morei próximo à Dona Eudócia. Lembro dela sentada em uma cadeira de balanço sempre atenta ao ir e vir das pessoas na Av. Pte. Castelo Branco.
O lixão acaba tendo uma influencia enorme na cidade de Delmiro Gouveia, pois não se trata apenas de um destino final do lixo urbano e rual,o lixão faz parte de um ciclo pois de la muitas famílias retiram o sustento de suas casas ou tornando o que e obtido um auxilio na renda mensal;é assim que podemos perceber um verdadeiro ciclo pois essa mesma renda vinda de lá influencia na economia do centro da cidade.
Com o projeto da professora Jane podemos perceber que influência maior sofre a comunidade circunvizinha a qual tem contato direto com o lixo e possivelmente com os principais problemas vindos dele como as doenças, os parasitas e também o descaso e preconceito ao qual afeta diretamente a comunidade.
Acredito que o projeto torna-se interessante pelo fato de incluir o ser humano na ideia de meio ambiente mostrando que ele faz parte significante do meio em que vive além de mostrar que e possível desfruta-lo de forma consciente.
parabéns pelo projeto ....
Eu estava revirando na cama, sem conseguir dormir, resolvi me levantar, liguei o computador, e fui direto aos Amigos de Delmiro Gouveia. Eis que me deparo com estas fotos, que mostram o lixão e pessoas que vivem do lixão. Me levantei deprimido e, vendo as fotos, fiquei mais deprimido, mais angustiado, mais... putz... agora é que não duro mesmo... Quer saber? Vou ligar a TV.
Pois é Ricardo, você pode desligar o computador e ligar a televisão, esquecendo esta realidade, eles não, pois estão inseridas nela, tiram o sustento de suas famílias de lá. Ali é o cotidiano deles.
Parabenizo a amiga Jane Cleide, por seu projeto,suas abordagens e colocações.Sei que esse não é apenas mais um projeto didático,com o proposito de preencher a lacuna de projetos anuais exigencia da rede de ensino, Sei que para vc ,que faz tudo com muito compromisso, esse projeto representa o "acorda gente", para essa realidade que nos rodeia, sei que para vc ,é o se aproximar da realidade de seus alunos ,tão sofridos, adentrando o mundo e a realidade deles, conseguindo assim chegar um pouco mais perto deles, buscando entender os "porquês" dessas problemáticas tão presentes em nossas salas de aula. Alunos fora de faixa, e desinteressados por uma realidade pedagógica ,que em maioria não chega perto do sofrimento dele, quem dirá da solução. Não será desligando a TV, nem o computador, fechando os olhos a essa triste realidade que resolveremos esses problemas,será olhando de frente, incutindo em nossos alunos novas visões de mundo, incomodando os nossos governantes que ganham milhões e nada fazem.Enfim, querida ,quero deixar aqui registrado, que admiro sua perseverança, Amei seu projeto.Você é uma verdadeira educadora, e como tal, não desiste nunca, Felicidade
Ficou jóia seu trabalho,eu conferi,como sempre vc é fera,parabéns...
Parabéns ao blog por te convidar a postar o seu trabalho e a vc pelo que desenvolveu com os seus alunos. Pra mim não é surpresa por que já conheço o seu trabalho e o sua responsabilidade com tudo que faz. Parabéns mamãe.
Legal mesmo, professora Jane Cleide. Mostrando para as nossas crianças de Delmiro Gouveia a realidade nua e crua do mundo em que vivemos. E assim, sem querer, mas querendo, dando um cutucão em nossas autoridades. E ainda tem alguns espertinhos,que não sabemos quem são, que andam nos enviando algumas toneladas de lixo,através de grandes navios para serem depositados aqui no nosso País. Quem eles pensam que são?
Pois é, César. Lembro o nosso amigo desaparecido, Abrahão: este blog é mesmo muito eclético. Valiosíssimo o tema trazido pela professora Jane Cleide. Tudo feito com esmero, trazendo à consciência dos jovens a responsabilidade que todos devemos ter, desde cedo, diante de um problema tão sério - a preservação do nosso planeta - a começar do ambiente onde vivemos, o solo que pisamos ao redor da nossa casa, as cercanias das nossas cidades. Parabéns a Jane Cleide. - Ressalto aqui a boa recordação que tive ao ler o nome da escola. Conheci bem de perto dona Eudócia e também o esposo, seu Cícero.
Parabéns pelo seu trabalho junto a esta turma de jovens estudantes. O planeta está em estado de elerta e mais ainda a nossa caatinga que está com seu bioma bastante comprometido com a devastação que está sendo feita em nossa cidade. Temos que cuidar da que ainda existe.
Jane parabéns pelo seu trabalho, nós educadores podemos e devemos proporcionar aos nossos alunos refletir a realidade que os cerca, possibilitando maior conciência dos seus direitos. Trabalhos assim deveriam ser constantes em nossas salas de aulas, pois como dizia Paulo Freire, a leitura de mundo precede a leitura das palavras, pois uma mente que se abre para novos conhecimentos, jamais será a mesma.
Fico feliz em ver educadores preucupados com a meio ambiente de nossa cidade. Uma coisa que me preucupa é este desmatamento que da caatiga que ocorre sem que ninguem de um grito de socorro por ela. Que futuro queremos dá para as crianças de Delmiro? Vamos abrir o olho!
Na verdade os culpados pelo desmatamento somos nós mesmos. Há desmatamento porque há demanda, pois damos preferência, por exemplo, a móveis de madeira, em vez de móveis em metais, acrílico, vidros, etc.
Agora eu pergundo a Zennus Dinys: Na tua casa, os móveis são, predominantemente, de madeira?
Os móveis de madeira fazem parte da vida de muitas pessoas. O fato a ser questionado no momento é o crime que está ocorrendo com o desmatamento que vem sendo feito sem nenhum tipo de estudo e acompanhamento por parte dos órgãos competentes. Madeira existente no restante de caatinga não serve para móveis. Vidro, metal ou qualquer outro tipo de elemento encontrado na natureza e extraído de forma irresponsável causa dano ao meio ambiente e ao próprio homem. Vamos gritar por nossa caatinga
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