Texto de autoria de Eraldo Vilar e originalmente postado em 03/agosto/2005 no primeiro blog da série Amigos de Delmiro Gouveia.
Caro César:
Caso ache interessante para seu blog, quero relembrar as histórias que ouvia na minha infância, sobre as peripécias cometidas pelo aviador da fábrica (Sr. Nestor), quando das viagens que fazia entre Recife e Delmiro Gouveia.
Não sei se as gerações delmirenses, mais jovens que a minha, sabem que, nos anos 60-70, o pagamento dos operários da Companhia Agro Fabril Mercantil--pertencente na época ao grupo empresarial Vicente de Menezes e gerenciada pelo senhor Antônio Carlos (figura quase mítica em Delmiro, que infelizmente veio a se suicidar) era feito semanalmente, em dinheiro vivo (olha aí:...a mala do dinheiro é coisa antiga..rs).
A matriz da Fábrica ficava em Recife e, portanto era de lá que vinha o malote de dinheiro.
Não havia agência de banco em Delmiro na época, de modo que a fábrica possuía uma avião de pequeno porte, marca Beechcraft Bonanza, (famoso pela solução inovadora do leme em "V"(conforme foto acima), para efetuar o transporte do dinheiro de modo seguro e rápido.
O "vôo do pagamento da fábrica" era feito às sextas-feiras; lembro que chegava em Delmiro em torno das 16-17 hs .
Pilotava o pequeno avião o famoso Nestor, experiente piloto, tendo voado muitos anos para a Fábrica.
O avião costumava passar no sentido longitudinal da rua do Comércio, e passava tão baixo que eu, menino irresponsável, costumava aguardá-lo nos fundos da casa de comércio de meu pai (Bazar das Novidades, mais conhecido como "armarinho de Seu Zé Alves" para tentar atingí-lo com minhas balas de estilingue ( no início, balas de barro, que eu mesmo fazia, depois, com medo de causar danos, com mamona..rs).
Felizmente nunca acertei, pois o ângulo de visão era pequeno e o avião passava a mais de
Bem, corriam estórias em Delmiro sobre as peripécias do Nestor. Uma delas era que ele costumava pôr motoristas para correr dando-lhes susto com o avião: a coisa funcionava assim: no trajeto Recife-Delmiro, Nestor via caminhões em sentido contrário ao seu, alinhava com estrada e baixava o avião como se fosse pousar...rss...O coitado do caminhoneiro via aquele avião vindo à toda, voando em sua direção a 300 Km/hora e fazendo sinais de luz indicando que ia pousar na estrada...Só que apenas
Os coitados jogavam o caminhão para o acostamento, brecavam bruscamente e saiam correndo da cabine, quando então viam o Bonanza fazer só um rasante, com barulho enorme, e passar balançando as asas de um lado para outro (movimento padronizado na aviação, que significa: "eu vi você", usado quando aviões buscam náufragos no mar ou perdidos no deserto ou no gelo, ou saudando tropas amigas)...Pode imaginar a cara dos coitados?..rs
Outra estória era a de que Nestor, ainda voando alto, via pessoas colhendo milho, com balaios (cestos) na cabeça, nos campos das imediações do pequeno aeródromo da Fábrica, então descia sorrateiramente contra o vento para que não ouvissem muito cedo o ronco do motor e dava rasante em cima delas, com o motor rasgando, fazendo com que as pessoas largassem os balaios e saíssem correndo..rs...
Outros contam que ele era sujeito brincalhão, mas prestativo: crianças com coqueluche eram levadas para breves vôos sobre Delmiro (parece que a diminuição da pressão nos brônquios fazia parar os acessos de tosse seca).
Só que ele fazia acrobacias: loopings, tunneaus-barril, parafusos, etc....O carinha voltava curado da tosse, mas em estado de choque e com algo nas cuecas que não era bem dinheiro do PT..rs..
Eu não confirmo as estórias, mas muitas pessoas falavam isto na loja de meu pai.
Talvez fossem apenas lendas urbanas..rss.
Alguém mais pode confirmar? Paulo? Abrahão?
Um abraço
Eraldo
PS: texto complementar abaixo é de César Tavares
No período em que fui funcionário da fábrica(1976-1981, na divisão de confecções, a cidade já possuía agência bancária(Produban). Portanto o avião não trazia mais malas de dinheiro(ops). No entanto quando das visitas do Sr. Antonio Carlos Menezes ou do seu sobrinho Seu Lula o avião era utilizado. Não sei se o famoso Nestor ainda era o piloto da fábrica. Lembro apenas que quando o ronco do motor se fazia ouvir, mesmo que longinquamente, o Lourenço Marques, gerente da camisaria, ficava eletrizado e enchia a paciência dos outros chefes(Alonso, Miguel, Doda, Valmir(Bafão) entre outros, cobrando que tudo estivesse na mais perfeita ordem. Estes chefes por sua vez cobravam da gente. Ou seja a famosa escala hierárquica em marcha acelerada se fazia sentir. E a mim César apenas um peão da Silva Sauro só restava chutar o cachorro quando chegava em casa. (risos).
E aí manda a sua história também. Aguardo.
18 comentários:
Na época, o pessoal chamava de teco-teco. Não sei como essa joça conseguia enfrentar o mau tempo. Lembro do alvoroço que fazíamos com a chegada desse pequeno avião. A meninada pulava e gritava: É Seu Antonio Carlos! Só vi AC uma vez, não lembro da fisionomia dele. Cheguei a conhecer o Toni, filho do AC. Soube, através do Clênio, que atualmente o Toni é evangélico.
Com certeza o grande chefe de Nestor não estava no teco-teco em nenhuma dessas peripécias. - Taí uma coisa boa: o transporte de dinheiro num avião, longe dos assaltantes, segurança total. Um só homem fazendo todo o serviço.
Paurílio, acredito que você não sabe que foi planejado um assalto para roubar o dinheiro do pagamento durante o trajeto entre o campo de aviação, como chamavamos naquela época, e a fábrica.
A primeira televisão que meu pai comprou, em mil novecentos e antigamente, foi comprada no Recife na loja Primavera. Ela veio nesse avião.
Dado, voçê lembra do camihão de Juvenal? Nesse caminhão vinha tudo que era novidade de São Paulo para Delmiro. Era uma festa, as pessoas corriam, era um alvoroço. Antonio Carlos tinha algum parentesco com os Menezes de Delmiro ? Zito é família do AC ?
César, eu não sabia desse fato, o planejamento para o roubo. Os meliantes tiveram êxito? - Quase que poderíamos ter um tema para um filme: ASSALTO AO AVIÃO PAGADOR.
Dentro desse tema - AVIÃO - quero registrar meu voto de pesar aos familiares das vítimas do acidente ocorrido recentemente aqui no Recife. Coincidentemente havia um PAURÍLIO entre os que morreram. Era o piloto RIVALDO PAURÍLIO, brigadeiro reformado, alagoano assim como eu. Li que ele sempre pediu à família que quando morresse gostaria de ser cremado e que suas cinzas fossem jogadas na praia de Pajuçara (Maceió), lugar que ele amava muito. E assim será feito. - Há apenas coincidência nos nossos nomes, não somos parentes. Meu pai, quando jovem, gostava de uma batucada, participava de uns conjuntos musicais e me colocou esse nome (prenome) exatamente porque admirava uma família PAURÍLIO de músicos maceioenses. Creio que venha desse clã o lamentado piloto.
Aguardei por muitos anos, o sonho de voar. Imginava e fantasiava como deveria ser diferente a visão lá de cima, localizando pontos geográficos que só de avião poderia perceber. Meu primeiro trabalho remunerado aconteceu através do Sr. Amélio Costa, (de saudosa memória) fazendo a coleta dos dados numéricos que os "contadores de luz" (aquele negócio redondo dentro de um vidro que todas as casas obrigatoriamente tinham para registrar o consumo de energia elétrica)- O medidor tinha quatro ponteirinhos separados, cada um com uma escala numérica que ia de zero a nove e que girava em sentido horário, fazendo o registro do consumo, transferindo para uma escala maior, logo abaixo, que dava o registro do quanto era gasto, para gerar a fatura a ser recolhida à "Fábrica" no período de 30 dias corridos. (parecia remotamente com os mostradores de velocidade e conta-giros dos automóveis. - Por questões de segurança ficavam em local bem alto, na entrada das casas. Pois bem: o Sr. Amélio, pela idade já não tinha condições de se equilibrar em um banquinho para coletar esses números e falou com meus pais para que eu o ajudasse nessa tarefa difícil para ele, mas que eu "tirava de letra.-Eu tinha agilidade e não me cansava nem um pouco fazendo aquele serviço repetitivo. Meus pais concordaram e eu com 14 anos, logo me sentí adulto porque de alguma forma contribuia com as despesas da casa. Quando terminávamos o trabalho, passávamos os dados para umas fichas, calculando numa velha FACIT e assim eram geradas as contas de luz de parte da cidade. Nesse trabalho de somar, dividir, multiplicar, ele falava sempre das peripécias do seu amigo NESTOR e que quando fosse possível ele me levaria para um passeio de avião para conhecer aquela máquina fantástica. Depois de algum tempo me dei conta de que aquelas palavras de incentivo eram na verdade para alimentar meu sonho de voar e trabalhar com mais afinco naquelas fichas e realizando o trabalho com perfeição. Já adulto, fazendo minha primeira viagem de avião, finalmente pude separar realidade e fantasia daqueles tempos de menino que sonhava enxergar o mundo lá de cima.
Edmo,
Só lembro que Juvenal tinha um caminhão, mas não me lembro de nenhum detalhe sobre isso.
Quanto a Antônio Carlos, o pai dele, Vicente Menezes, dizia que todos os Menezes eram parentes, era a mesma família. Aliás, a maioria dos Menezes pensam assim, talvez por não ser um sobrenome muito comum. Os Menezes de meu pai vêm de Floresta, Petrolândia, aquela região de Pernambuco. Vicente Menezes, ia muita a Petrolândia, encontrar com meus parentes e em conversas com eles, destrinchando os antepassados, muitas vezes achavam que eram parentes, mas nada foi comprovado.
Vou incluir nessa conversa sobre esses bichos que voam, um fato muito interessante ocorrido em DG na década de 50: numa certa tarde ouviu-se um barulho esquisito e a seguir um helicóptero sobrevoando a vila operária, indo pousar no rinque em frente à fábrica. Era um modelo antigo que tinha a cabine envolta por uma espécie de bola de vidro. Pertencia à CHESF. Uma moça minha vizinha ao ouvir e observar aquela coisa esquisita (muita gente nunca tinha visto um helicóptero) correu para minha casa a se abraçar com a minha mãe e com a minha avó, horrorizada, trêmula de tanto medo, dizendo que estavam chegando os GAFANHOTOS devoradores, citados pela Bíblia, que invadiriam a Terra no final dos tempos.
Já que o assunto é avião, ou coisa que o valha, então lembrei do famoso Dr. Hugo...Dr. Hugo da CIVELETRO. Não sei se algum colega lembra dos famosos pulos de paraquedas que ele dava em dia de jogo, no campo do AGRO.Normalmente ele cravava e caía no meio do campo. Certa vez, antes de uma decisão Barbosa X Palmeirinha, ele pulou e o paraquedas abriu normalmente, só que dado o forte vento ele caiu distante do campo. Foi um espetáculo aquilo lá...só não foi melhor que o jogo, por se tratar de uma decisão...rsrsrs. Alguém lembra do Dr. Hugo?
Edmo lembro do nome do Dr. Hugo mas não da figura. Neste jogo ai aí para minha infelicidade o Palmeirinha deve ter perdido. Pois era muito bom para ganhar Torneio Inicio. Mas campeonato que é bom...só era vice.
César, o seu Palmeirinha, sempre chegando a ser vice, era ou é bem melhor que a noss Seleção que não chega a nada.
Aliás, por falar em Barbosa X Palmeirinha, a melhor de todas as decisões foi aquela que D. Percília adentrou o campo e impediu o gol do Palmeirinha...kkk. Fechou o tempo, foi um sacode geral, literalmente naquele dia o meu Barbosa jogou com 12 jogadores.
Direto da sede do coração delmirense: Daqui apouco ao lado da igreja velha, show com Almir ex- The Fevers.
Eduardo menezes, qual dos menezes administrava a fabrica perto de olinda meu avo foi gerente la e tinha um sr. Menezes
Teresa barbero teresabspinto@hotmail.com
Ryuii
Opa gente tudo bem? Alguém ainda sabe histórias de aviação em Delmiro Gouveia AL?
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