Para o blog não ser desativado e considerando
que é fonte de consultas para muita gente, resgato ipsis litteris texto original de 08 de agosto de
2005, publicado na primeira versão(blogger).
E aproveito acrescento um link para endereço onde há
todo o histórico e imagens da antiga Estação da Pedra.
O texto abaixo é uma colaboração do Abrahão Lincoln P
Oliveira. Até então ele era apenas um comentarista eventual do Blog. Agora
passou a ser um também um colaborador. Suas lembranças, num tom
poético-melancólico nos remetem ao tempo em que o trem passava por DG. Eu não
alcancei esta época. Mas os comentários que ouvi ainda em criança sempre eram
lamentosos. Desde meados dos anos 80
a antiga estação de trem foi transformada em museu. E
por lá, em sua parte externa há uma locomotiva que guarda bastante semelhança
com a descrita pelo Abrahão.
O TREM DE FERRO VISTO POR ABRAHÃO
Existem lembranças que por mais que a gente fale ou
comente, somente quem as viveu pode realmente sentir o prazer de rememorar.
Conta à história que no ano de 1859 o Imperador D.
Pedro II visitou o nordeste brasileiro e teve oportunidade de conhecer nossa
região. Homem de visão, juntamente com aqueles que faziam seu governo, observou
que havia uma interrupção no fluxo de transporte pelo Rio São Francisco, pois
entre o médio e o baixo São Francisco estavam localizadas as cachoeiras de
Paulo Afonso, ainda virgem no tocante ¿a geração de energia elétrica. De
Pirapora(MG) a Jatobá (PE),(atual Petrolândia) o rio era navegável. De Piranhas(AL)
até a foz do rio, também era.
Dessas cabeças iluminadas saiu a idéia de implantar
uma linha de ferro para fazer a junção dos 02 trechos do rio, tornando possível
o acesso ao mar de quem viesse de Minas, Bahia ou Pernambuco.
Em 1883 a linha do trem foi inaugurada.
O trem favorecia o comercio local, pois era muito
utilizado para transportar produtos agrícolas, equipamento, pessoas, animais,
etc, entre Petrolândia, Delmiro e Piranhas.
Para nós crianças tudo aquilo era uma verdadeira festa
a chegada do trem na cidade. Estávamos, quando possível, pegando BIGU até a
estação ou da estação até o centro, escondido com medo do Sr. George Lisboa
que, na qualidade de fiscal, obrigava os meninos a saltarem do trem em
movimento.
Veio a "gloriosa revolução de 64" e um
cearense desnaturado, desconhecedor da realidade local, vestido numa farda
militar e montado no cargo de ministro de estado, mandou arrancar a linha do
trem.
Quanta maldade! Mataram o trem. Desempregaram ou
transferiram pais de família, cortaram a continuidade do fluxo do rio em nome
da modernidade, do asfalto, do caminhão e do automóvel.
Talvez, por isso é que o Brasil não vai pra frente.
Paises desenvolvidos da Europa e os EE.UU preservam, melhoram e desenvolvem seu
transporte ferroviário. Nós matamos a idéia.
Abrahão.
E aí leitores que lembranças você tem do trem? Ao
menos ouvir falar em sua história? Deixe o seu recado. Registre suas lembranças
por aqui também. E você que não mora em DG na sua cidade teve algo assim? Conta
então. Queremos saber.
PS: Bigu no dicionário delmirense é o mesmo que
carona.
Um comentário:
Gostei muito da história do trem vivida por você Abraão. só sabe e realmente dá valor, quem a viveu.
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