terça-feira, 13 de abril de 2010

Feira Delmirense: Algaravia de Cores, Sabores e Aromas.

Já falamos diversas vezes por aqui sobre a feira delmirense. Ainda em março de 2005, fiz o primeiro post sobre o tema. Depois o André(Rondonópolis/MT) também nos trouxe um texto, e por fim a Jailma(Campinas/SP),colaborou com algumas imagens. Tudo isto está espalhado nos blogs anteriores. Para os mais curiosos é só fazer uma rápida pesquisa.

Agora em janeiro de 2010, após uma ausência de cinco anos, revisitei a feira e por lá fiz algumas imagens, onde procuro captar algumas nuances deste espaço geográfico, humano e social da vida delmirense. Não é muito diferente de outras tantas feiras de tantas outras cidades sertanejas. Mas é a “nossa feira”.

Aproveito para fazer o resgate do primeiro texto do primeiro blog(onde os comentários foram vítimas de um bug)

SABORES DELMIRENSES
Texto originalmente postado em: 03/março/2005.

Tapioca, beiju, farinha de murici, piaba,cará, pé de moleque envolto em palhas de bananeira, bolo mal-casado,ouricuri verde, rosário de ouricuri, fuçura,flau, pão aguado,pão crioulo, umbu, cocada de raiz de umbuzeiro....

Para alguns pode soar estranhos os nomes acima. E para outros até serem palavras desconhecidas. Mas todos são sabores delmirenses. Quase tudo aí em cima se encontra na feira.

A segunda coisa que sempre faço nas raras vezes em que apareço em Delmiro Gouveia e ir à feira. A primeira é cumprimentar os parentes. Dá gosto andar pela feira. Sentir seus aromas, ouvir uma ruma de vozes com sons arrastados e ver as fisionomias vincadas pelo sol inclemente do sertão. Pegar uma provinha aqui outra ali. Experimenta seu moço dizem os feirantes oferecendo seus produtos. E você não pode recusar. É grosseria se o fizer.

Quer conhecer qualquer cidade em suas raízes mais profundas. Vá à feira. Converse com o povo. Eu costumo fazer isto. E você já fez isto alguma vez? Lembrava de todos os sabores aí de cima? E os cheiros? Suas memórias olfativas ainda os têm presentes? O que mais foi esquecido na lista acima? Deixe o seu recado. Partilhe as suas lembranças e experiências conosco.

Agora é com vocês.
Aspecto interno de uma parte da feira.
Pinhas e Cajus
Vista parcial do pátio da feira
Rosários de Ouricuri.

Os traços sertanejos deste senhor e as cores dos artefatos de couro me impressionaram bastante.

Temperos e condimentos

Vista interna do mercado: Ainda persiste o hábito de venda de carnes "verdes" sem refrigeração.


Ex-votos. Arte popular em estado bruto e de excelente qualidade. Meu filho comprou algumas peças. O problema foi esperar o vendedor. Tinha saído para "tomar um caldo de mocotó"

Uma simpática vendedora de massa de mandioca para preparo de tapiocas.

Vendedor de pés de moleque.

Vendedores de miúdos e preparos para buchadas: Nesta área por trás do mercado o cabra que é de fora e tem estômago meio fraco terá dificuldades em encarar o visual.

Por trás do mercado.Não perguntei. Mas pareceu-me ser o espaço reservado para as famosas feiras de troca-troca.
Umbús ou seriguelas?

Vassouras ou "bassouras"?

Pés de Moleque. Pense num negócio gostoso comer um bicho destes acompanhado de um café quentinho

Ouricuris Verde

20 comentários:

Ricardo Dreia Ramos de Menezes disse...

As fotos me deixaram com muitas saudades do nordeste. Principalmente a foto dos ouricuris.

Abrahão disse...

Normalmente, quando vou à terrinha, costumo dar uma passada na feira, em companhia de minha irmã Edna Pinto, enquanto ela faz a feira.
Imagine como é bom!!
Outro dia tive oportunidade de comer, numa barraca, um figado de bode assado. Que delicia!!

Eduardo Menezes disse...

César,

Parabéns pelas fotos, estão excelentes!

Anônimo disse...

Excelentes fotos, César.
Possuo algumas fotos dos anos 80 quando a feira era no centro da cidade, um flagra fotográfico de uma banda de pífanos em frente ao Colégio Delmiro Gouveia, mas preciso revirar meu acervo para localizá-la. Caso a encontre, enviarei para o César.
Por David

César Tavares disse...

Grato pelos elogios as fotos. Na realidade eu tirei mais de uma centena de fotos só na feira. Muitas são repetitivas ou de natureza pessoal(que evito postar para não ficar muito personalista o blog). Talvez logo em seguida poste mais algumas.

David: caso ache seria interessante o contraponto da antiga feira com a atual. Feito umas que o Eduardo enviou sobre as mudanças ao longo do tempo na fachada do Mercado Público.

Ricardo tive que andar um bocado para achar os tais ouricuris. Eu gosto deles em forma de rosário. Mas tá algo meio raro na feira. Não se quando fui já era meio tarde.

Abrahão não se sei vc aprecia uma geladinha. Mas o tal acepipe(fígado de bode assado) cai bem com uma cervejinha.

Edmo Bezerra disse...

Êita Delmiro bom! Eu fico aqui vasculhando novidades da minha terra, e olha o que me aparece: a junção de cultura, aromas e sabores. Em outras palavras : a feira de Delmiro. César, obrigado pelas fotos.

Unknown disse...

César, trabalhei muito tempo com o Sr. Sebastião, marido da d. Antonia,na feira de DG.
O pé de moleque era o mais economicamente viável pra aplacar minha fome.
Um abração.

André disse...

César, Êta sertão de fartura hein?Não parece que DG se localiza no polígono das secas!As cores, os sabores e os produtos do sertão são maravilhosos, sem contar os preços que são muitooo em conta, bem difente desta longinqua região do Centro-Oeste em que vivo. David, aguardo assim como César e outros, as fotos da feira quando anda lá no centro da cidade. Vai ficar legal as comparações e será bom para o andamento do blog.

Ricardo Dreia Ramos de Menezes disse...

O que vocês estão chamando de pé-de-moleque, está me parecendo ser o manuê (preparado a base de mandioca e enrolado com folha de bananeira). Pé-de-moleque é aquele doce feito com amendoim. Ou estou enganado?

César Tavares disse...

Ricardo o manuê era chamado de pé de moleque. Mas em outras localidades é como vc está falando mesmo.

Paulo da Cruz disse...

César, esta foto dos ouricuris em forma de rosário está muito boa. Sempre que vou a DG adquiro uma boa quantidade. No entanto para encontrá-los é necessário ir a feira por volta das 7 hs. Os petiscos tem muitos apreciadores e em pouco tempo desaparecem. A outra forma como eles são vendidos, cozidos, também dá água na boca. A feira é local onde se encontra todos ingridientes da gastronomia sertaneja. O que falta´por lá é higiene. As vendedoras de massa de tapioca, por exemplo, com as mãos que pegam em dinheiro esfarelam o amido de mandioca e o passam pela urupemba sem nenhuma preocupação com a saúde dos clientes. Ainda bem que se faz tapioca submetendo a massa a alta temperatura.

Paulo da Cruz disse...

César, esta foto dos ouricuris em forma de rosário está muito boa. Sempre que vou a DG adquiro uma boa quantidade. No entanto para encontrá-los é necessário ir a feira por volta das 7 hs. Os petiscos tem muitos apreciadores e em pouco tempo desaparecem. A outra forma como eles são vendidos, cozidos, também dá água na boca. A feira é o local onde são encontrados todos os ingredientes da gastronomia sertaneja. O que falta´por lá é higiene. As vendedoras de massa de tapioca, por exemplo, com as mãos que pegam em dinheiro esfarelam o amido de mandioca e o passam pela urupemba sem nenhuma preocupação com a saúde dos clientes. Ainda bem que se faz tapioca submetendo a massa a alta temperatura.

Ricardo Dreia Ramos de Menezes disse...

Os ouricuris em forma de rosário sempre me causaram asco. Geralmente os vendedores os colocam pendurados (submetidos ao sol, poeira, etc) e manuseados com aquelas mãos...

Paurílio disse...

Lembram da música A FEIRA DE CARUARU? Foi eternizada na voz de Luiz Gonzaga. É, a fama ficou para o cantor; sobre o autor da poesia, ONILDO ALMEIDA, nem se fala. Será que em nossa Macondo não se levantaria um poeta para descrever a nossa feira? - César, bem que poderíamos lançar aqui um concurso com essa finalidade. Não é só a de Caruaru que "faz gosto a gente ver", a de Delmiro também.

César Tavares disse...

Realmente a higiene nunca foi forte no sertão. Mas para quem bebia água de pote com um caneco, comer ouricuri com poeira é o mínimo.

Nada a ver com feira. Mas lembro que no Ginásio tinha uns 4 filtros de barro a que nunca vi ninguém fazer trocas de velas. E tinha uns dois canecos pequenos de plástico. Pois bem: ao terminar o recreio dezenas de crianças bebiam desta água no mesmo caneco. E não é que estão todos crescidinhos. Alguns até escrevem neste blog de vez em quando.

Anônimo disse...

Olá, André, encontrei umas duas fotos somente nas quais se pode identificar uma banda de pífanos tocando na feira em frente ao Colégio Delmiro Gouveia.

Por David

Ricardo Dreia Ramos de Menezes disse...

Além de crescidinhos, estão gordinhos. hehe.
Estudei um ano no GVM (a sétima série), mas não lembro do pote com dois canecos.

Ricardo Dreia Ramos de Menezes disse...

Falando em sujeira, houve um tempo, em Delmiro, que a água da rede pública não era tratada. Ela chegava nas torneiras do jeito que era captada do Rio São Francisco. Em certas ocasiões a água era barrenta. Lembro do Lula Braga preparando vitamina com banana, leite em pó e água barrenta. Eu tinha pedido um copo de vitamina. Quando vi o preparo, quis desistir e falei que a água estava suja. O Lula me olhou indignado. Alguns fregueses disseram que era frescura de filhinho de papai. Não tive com escapar. Bebi a vitamina com água barrenta, ou não sairia vico dali.

Ricardo Dreia Ramos de Menezes disse...

...ou não sairia vivo dali.

Paurílio disse...

Aproveitando o mote - água barrenta - muita gente usava pedra ume nos potes, para clarear a água. Todo o barro ia para o fundo do pote, não matava a ameba mas deixava o precioso líquido totalmente cristalino. Era preciso saber a dosagem da pedra ume para que a água não ficasse travosa.