Resgato hoje um texto postado originalmente em fevereiro de 2005(“mas menino êita que o blog tá é durando hein?”). Texto bastante grande por sinal e o leitor querendo pode pular ele numa boa. O que é interessante hoje são as imagens, de janeiro de 2007, que o acompanham. Trata-se de um ensaio para retorno do tradicional bloco delmirense: Bafo da Cana. Nestas imagens aparecem algumas figuras delmirenses bastante conhecidas. Será que conseguiremos identificar todos? Será que haverá alguns “causos” interessantes a serem resgatados?
Todas as fotos foram enviadas pelo nosso colaborador Eduardo Menezes.
Eis o texto de janeiro de 2007.
Carnaval
Carnaval chegando. Vem à mente as lembranças de uma das melhores partes da minha infância/adolescência em Delmiro Gouveia: O Mela- Mela.
O Mela-Mela era um misto de brincadeira com pura selvageria. Selvageria sim. Porque não respeitávamos nem pé de coentro. Mas naqueles tempos felizmente ainda não havia a onda do politicamente correto. Tudo era incorreto mesmo. E pronto o resto que se dane. Ora para a meninada estava ótimo. O que valia era a mais pura anarquia. Para quê regras?
A coisa toda acontecia nas manhãs de domingo. Os grupos se posicionavam nas esquinas de suas respectivas ruas. Todos devidamente equipados: caixa de maizena ou arrozina a tiracolo. E uma bisnaga com água. E os alvos prediletos do mela-mela eram as pessoas que passavam limpinhas. Tinha gente voltando da missa. Estas davam um prazer meio especial. Algo sádico sujar tais pessoas. Mas fazíamos com prazer. Tome maisena na cara, nos cabelos e na roupa. Era uma papa geral. Lógico que alguns rapazinhos com a libido em alta e hormônios a flor da pele, aproveitavam a ocasião para passar a mão em algumas meninas mais bonitinhas. Passavam! tudo bem! Mas invariavelmente estes espertinhos de plantão levavam uma sonora mãozada na cara. Plaft ecoava o som na cara do safado.
Ao meio-dia, uma regra, não escrita, era cumprida à risca. Cessava a brincadeira.
Então o restante do carnaval era mais tranqüilo. As opções eram poucas:
O Bloco do Bafo-da-Cana. Rapazes e moças da classe média e alta (se é que existia esta diferenciação), alguns instrumentos de percussão, umas palhas de coqueiro ficavam a desfilar sem nenhum roteiro definido. E do seu hino só lembro um trecho:
Olha o Bafo da Cana
Que não tem fantasia
Alegria Barata
Bafo bafo bafo...
Havia o Bacalhau do Zé do Carmo. Um bloco formado por pessoas mais simples. Dizíamos que eram as Pinicas de Zé do Carmo. Puro preconceito de nossas mentes tacanhas e provincianas. Não me lembro de seu hino. Seu ponto de concentração era ali perto do sindicato dos tecelões.
E da Cohab partia a primeira escola de samba organizada da cidade. Fantasias bonitas para os padrões que conhecíamos até então. Eram os Leões do Samba. Não tenho certeza. Mas creio que uma das pessoas responsáveis por sua organização era chamada de Hercília.
Nos quatro dias de Momo também havia os tradicionais bailes e matinês nos Clubes Vicente e Palmeirão. Tocava-se muito frevo.
O último carnaval que passei em Delmiro Gouveia foi em 1980. De lá para cá muita coisa mudou. Vi na minha última visita a cidade a sede de alguns blocos. E também acompanho pelos jornais, que há uma tendência de se fazer àquela festa mais industrializada. Com cara de carnaval baiano: Todos com roupas iguais. Algo meio robotizado. Particularmente não gosto. Acho que tira um pouco da velha e anárquica alegria. E, além disto, sou apaixonado pelas influências pernambucanas. Coisa de bairrista.
Também foi criado após a minha saída o Bloco do Pompeu.( Nunca tive o privilégio de vê-lo desfilar. Meu primo Tadeu Mafra é um dos fundadores. Homens travestidos de mulheres desfilando pelas ruas delmirenses. Dizem que faz tanto sucesso quanto às famosas Virgens do Bairro Novo (Olinda).
E você que lembranças têm do carnaval delmirense? Agora é bem melhor que no passado? Ou não? Você lembra do Hino completo do Bafo da Cana? E do Bacalhau qual era? Você também curtia o mela-mela? Deixe aqui o registro de suas lembranças. Conte por aqui alguma boa história sobre o carnaval delmirense.
Abraços a todos.
PS: Em tempo. Hoje nem tenho mais disposição e muito menos saúde para carnaval. Geralmente fico nestes dias lendo um bom livro ou assistindo algum filme. Coisa de velho.(risos) É o peso dos anos meus caros.
Todas as fotos foram enviadas pelo nosso colaborador Eduardo Menezes.
Eis o texto de janeiro de 2007.
Carnaval
Carnaval chegando. Vem à mente as lembranças de uma das melhores partes da minha infância/adolescência em Delmiro Gouveia: O Mela- Mela.
O Mela-Mela era um misto de brincadeira com pura selvageria. Selvageria sim. Porque não respeitávamos nem pé de coentro. Mas naqueles tempos felizmente ainda não havia a onda do politicamente correto. Tudo era incorreto mesmo. E pronto o resto que se dane. Ora para a meninada estava ótimo. O que valia era a mais pura anarquia. Para quê regras?
A coisa toda acontecia nas manhãs de domingo. Os grupos se posicionavam nas esquinas de suas respectivas ruas. Todos devidamente equipados: caixa de maizena ou arrozina a tiracolo. E uma bisnaga com água. E os alvos prediletos do mela-mela eram as pessoas que passavam limpinhas. Tinha gente voltando da missa. Estas davam um prazer meio especial. Algo sádico sujar tais pessoas. Mas fazíamos com prazer. Tome maisena na cara, nos cabelos e na roupa. Era uma papa geral. Lógico que alguns rapazinhos com a libido em alta e hormônios a flor da pele, aproveitavam a ocasião para passar a mão em algumas meninas mais bonitinhas. Passavam! tudo bem! Mas invariavelmente estes espertinhos de plantão levavam uma sonora mãozada na cara. Plaft ecoava o som na cara do safado.
Ao meio-dia, uma regra, não escrita, era cumprida à risca. Cessava a brincadeira.
Então o restante do carnaval era mais tranqüilo. As opções eram poucas:
O Bloco do Bafo-da-Cana. Rapazes e moças da classe média e alta (se é que existia esta diferenciação), alguns instrumentos de percussão, umas palhas de coqueiro ficavam a desfilar sem nenhum roteiro definido. E do seu hino só lembro um trecho:
Olha o Bafo da Cana
Que não tem fantasia
Alegria Barata
Bafo bafo bafo...
Havia o Bacalhau do Zé do Carmo. Um bloco formado por pessoas mais simples. Dizíamos que eram as Pinicas de Zé do Carmo. Puro preconceito de nossas mentes tacanhas e provincianas. Não me lembro de seu hino. Seu ponto de concentração era ali perto do sindicato dos tecelões.
E da Cohab partia a primeira escola de samba organizada da cidade. Fantasias bonitas para os padrões que conhecíamos até então. Eram os Leões do Samba. Não tenho certeza. Mas creio que uma das pessoas responsáveis por sua organização era chamada de Hercília.
Nos quatro dias de Momo também havia os tradicionais bailes e matinês nos Clubes Vicente e Palmeirão. Tocava-se muito frevo.
O último carnaval que passei em Delmiro Gouveia foi em 1980. De lá para cá muita coisa mudou. Vi na minha última visita a cidade a sede de alguns blocos. E também acompanho pelos jornais, que há uma tendência de se fazer àquela festa mais industrializada. Com cara de carnaval baiano: Todos com roupas iguais. Algo meio robotizado. Particularmente não gosto. Acho que tira um pouco da velha e anárquica alegria. E, além disto, sou apaixonado pelas influências pernambucanas. Coisa de bairrista.
Também foi criado após a minha saída o Bloco do Pompeu.( Nunca tive o privilégio de vê-lo desfilar. Meu primo Tadeu Mafra é um dos fundadores. Homens travestidos de mulheres desfilando pelas ruas delmirenses. Dizem que faz tanto sucesso quanto às famosas Virgens do Bairro Novo (Olinda).
E você que lembranças têm do carnaval delmirense? Agora é bem melhor que no passado? Ou não? Você lembra do Hino completo do Bafo da Cana? E do Bacalhau qual era? Você também curtia o mela-mela? Deixe aqui o registro de suas lembranças. Conte por aqui alguma boa história sobre o carnaval delmirense.
Abraços a todos.
PS: Em tempo. Hoje nem tenho mais disposição e muito menos saúde para carnaval. Geralmente fico nestes dias lendo um bom livro ou assistindo algum filme. Coisa de velho.(risos) É o peso dos anos meus caros.
20 comentários:
Olá César, nunca passei carnaval em Delmiro, porém brinquei muito em Palmeira dos Indios, lá na praça da Independência, era época do Frevo, dos Talcos/Maizena/Arrozina, do corso, do molha molha, enfim muito parecido com o que você descreveu, hj só no Recife antigo e aqui em Maceió no Jaraguá Folia (uma semana antes) podemos recordar aqueles tempos.
Quanto as fotos reconheci o Silvano, irmão do meu amigo Jacques, e aquele gordinho de vermelho, parece com um antigo amigo de Palmeira (nunca mais vi) chamado Telmo.
Parabéns pelo Blog - Bola pra Frente
Marcos Lima
Toda alegria e descontração daqueles carnavais, vejo hoje no BLOCO DO POMPEU com suas "meninas atrevidas" fazendo a alegria do povo. É na folia de rua que o carnaval traduz toda sua essência. Quando menino, nessa época, ficava vibrando com a expectativa de brincar no Boi, no urso e principalmente no Zé Pereira. A Maizena ou Arrozina eram bem baratinhos e quando misturados com "tinta Xadrez" vermelha ou amarela dava um colorido diferente e difícil de sair da pele ou da roupa. Também era comum fazer uma "sirene" que se colocava em bicicletas usando uma lata de leite, um barbante e um pedaço de borracha de câmara de ar. ah que saudade!...
Danubio boas lembranças as suas. Mas o Marcos Lima identificou algumas pessoas que aparecem nas fotos. E vc não reconheceu ninguém? Eu reconheço quase todos. Mas vamos deixar os outros comentarem
É muita saudades e lembranças boas da nossa querida cidade de Delmiro. O Bafo da Cana o mela mela e tudo mais foram tempos de ouro e que nunca serão esquecidos. Obrigado César Tavares. Você é um gênio.
Kelinha. Arapiraca.
César, em breve estarei em Delmiro vasculhando o baú da minha família e te mandando algumas fotos. Você não perde por esperar ou melhor todos nós que somos fãs do blog amigos de Delmiro. Um abraço. Kelinha.
Lembraçans muito boas do carnaval de Delmiro e com esse post almentou a minha saudade dessa festa. Infelizmente em 2009 nao irei a delmiro curtir o Pompeu, o bafo da cana e as outras atrações que tornam o carnaval de Delmiro um dos melhores de Alagoas. Para matar as saudaes, vou fazer uma pesquisa no meu pc e pegar umas fotos do carnaval de 2008, para serem postada(se possivel) no blog. Desde já feliz carnaval a todos.
Ô_Ô Fernando...
Kelinha grato e fico no aguardo do seu material.
Fernando ainda tenho um material que vc enviou sobre o Pompeu. Tá no prelo aguardando.
abraços
Caro César. Antes de fazer meu comentário no inicio deste post ainda tentei lembrar dos nomes dos sambistas fotografados. Nildo Lima e Carlinhos (irmão da profª Yeda) eu não tive dúvida alguma. Os outros fiquei na dúvida e preferí não arriscar. Afinal já se foram trinta e um anos sem contato algum, desde que vim morar em Maceió. Sei que são conterraneos e encontrando-os em algum lugar logo logo saberia que escutaram o apito da fábrica e tomaram banho no mesmo açude como eu.
Só me retificando... O Silvano, o Ricarte e o Tadeu lógico esses não dá p/esquecer nem com amnésia braba. um gde abraço a todos.
Danúbio aparece tb nas fotos: O Jorge irmão do Carlinhos, Hilton e Vadinho Camilo. Aparece tb o Itamar irmão de Iraquitan e Irabela. E tb o grande futebolista Tonho de Eusébio. E quem mais?
César, numa das fotos, aparece o conhecidíssimo Sapinho, não é? Eu coneço quae todos que aparecem nas fotos, apenas não sabia o nome de Vadinho Camilo. Danúbio resgatou uma coisa interessantíssima que havia nos carnavais de DG e que eu já tava esquecido: a tal da "sirene" feita com lata, geralmente de leite em pó. Só vi isso em Delmiro e eu considerava mais um barulho parecido com carro-de-boi do que sirene...bons tempos, bons tempos.
minha saudade de delmiro aumenta ainda mais durante essa epoca...vivi em delmiro momentos inesqueciveis da minha vida!!!mela-mela...pompeu...com oZé mulher de porta bandeira... quem ñ lembra???o bacalhau de zé do carmo, baile no palmeirão ou no vicente? e o inesquecivel bafo da cana!!!recordações maravilhosa!!!
Olhando as fotos de baixo para cima na terceira o rapaz de camisa branca não seria o Rubinho de Seu Nininho?(irmão do Armando, do Zé Carlos e da Bernadete)
César,
Você certou e errou, rsrsrs.
O cara é mesmo o Rubinho, filho de Nininho e irmão de Armando, Chico (que já foi conhecido por "Chico de Minervina" e hoje é conhecido por "Chico´s Bar"), Arnaldo, Baiano e duas irmãs Bel e outra que não lembro o nome.
Zé Carlos e Bernadete, assim como Aline, Arleide (que já foi Miss) e Arnaldo(não tenho certeza se é esse o nome) são filhos de Nozinho Feitosa (grande tocador de sax e caçador bom de mira. Ele, junto com outros, ajudou a acabar com os caititus da região).
É isto mesmo Eduardo. Como moravam próximo uns dos outros eu acabei misturando as famílias...rs.
Finalmente este ano eu consegui realizar O Carnaval da Rua E (minha rua) juntei os vizinhos e brincamos muito com mela mela,buzinas e frascos de desodorantes cheios de água para lavar os olhos cheio de pó. Foi maravilhoso! Não fui a Delmiro então trouxe um pouquinho da alegria de lá e a galera adorou. O ano que vem tem mais.abraços, Cleonice.
Delmiro jamais vou esquecer os tempos da minha juventude nessa cidade maravilhosa, a escola vicente de menezes,os momentos na praça em frente a loja da fabrica, os meus amigos, os bailes no vicente e no palmeirão, os domingos a atrde quando ia ao campo do agro ver futebol, o carnaval, tudo em delmiro em foi e sempre será maravilhoso, obrigado delmiro gouveia a cidade mais maravilhosa do mundo.
Jailson
São Paulo-Sp
Na primeira foto algumas pessoas não lembram mas, é Sapinho que morava no beco da lavadeira, perto da casa de Zé Adauto (Correios),filho do inesquecivel, Maninho cabeção que tinha um bar na rua da frente do comercio,entre outros Rubinho,Silvano,Tadeu,Buiuzinho filho de Rinaldo lanterneiro,Itamar,carlinhos Otilha filho de Edivaldo Camilo
E o nome dos filhos de nozinho são na seguinte ordem, Aleide,Fatima,Bernadete,Zé carlos,Everaldo e Aline...
E Nozinho tocava Clarinete e não sax como foi comentado... e ao lado da casa de Nubia e Ieda irmãs de joão camba é hoje a casa de Petrucio bandeira que foi construida por Chico doutor na Epoca da ENTAL empresa que patrocinava muitos cantores em Delmiro como Miltinho,Altemar Dutra,Luiz Gonzaga,Antonio marcos e outros mais
Oi César!
Olha podem descaracterizar Delmiro à vontade, porém o cheiro da Vila e da região do Vicente continuará o mesmo e eu faço questão de sentí-lo cada vez que estou por lá.Bjs.
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